sábado, setembro 10, 2022

Quiet quitting

Nunca hei-de perceber porque é que há patrões que se acham no direito de exigir muito mais dos seus empregados do que lhes pagam para fazer – mais horas, mais ou outras tarefas não acordadas no contrato, tarefas acima das suas competências etc. Talvez estes patrões não o admitam, mas conheço casos de pessoas que fazem o seu trabalho na perfeição e para satisfação dos clientes e cumprem todos os objectivos, mas como por exemplo saem a horas, em vez de fazer horas extraordinárias de borla, nunca são promovidos. E na mesma categoria vi os meus pais demonstrar grande brio profissional e fazer centenas de horas extraordinárias de borla sem qualquer compensação dia sim, dia sim, ano após ano, sem que ganhassem qualquer coisa com isso para além de manter as suas funções, porque era o que era esperado deles.
Temos entretanto uma nova geração, que não me parece muito querer alinhar nesse esquema de “escravatura”: fazem precisamente aquilo para que foram contratados e pelo que são remunerados, nem mais nem menos, no horário normal de trabalho, um modo de estar na vida que já ouvi ser chamado de “quiet quitting” (trad.: parar calmamente). E acho muito bem. Ninguém te recompensa pelo dito “amor à camisola”.