segunda-feira, junho 24, 2024

Netos únicos

Li há dias um artigo interessante em forma de carta, em que uma avó agradecia pelo empréstimo de um neto. De cada vez. O que parece ser uma excelente ideia: quando eu era miúda, desde que me lembro de ser gente, não tive avós, pelo menos não envolvidos na minha vida. Mas tinha os meus pais, e uma tia que nos levou a passear uma ou duas vezes durante a minha infância, o que dá para traçar o paralelo.
A ideia que a avó dava no artigo era passar 2 ou 3 dias com um neto só, prestando atenção só a esse, como se fosse neto único; dizia que os enriquecia a ambos de uma forma que não acontece quando vai para lá o maralhal todo de irmãos. Eu tinha três irmãos, todos mais novos do que eu, e as duas vezes que a minha tia nos levou de passeio, levou-nos a todos. E quando os meus pais nos levavam ao parque, por exemplo, também era sempre a todos em grupo. O que todas as vezes resultou em que a atenção toda fosse para os mais pequenos, claro. Ou seja, precisamente a mesma coisa que lá em casa, o que não fez dos passeios nada de especial em relação a estreitar laços. E acreditam que nunca, nem uma vez sequer, fiz nada sózinha com um ou ambos os meus pais? Ia sempre o maralhal atrás. Até em viagens de estudo lá da minha escola, em que os pais eram encorajados a participar para dar uma mão, da vez que foram (salvo erro ao Portugal dos Pequeninos em Coimbra) levaram os meus irmäos atrás.
Que mania.
Que pena.