sexta-feira, julho 11, 2025

A batata
Toda a gente sabe que a batata vem originalmente da América do Sul, mais propiamente dos Andes, um produto dos Descobrimentos. O que pouca a gente sabe é que antes de se tornar tão popular como é, um ingrediente essencial em vários pratos por toda a Europa, aliás por quase todo o mundo, e hoje amado por tantos, foi um alimento menosprezado e segregado, pelo menos até ao século XVIII: este tubérculo pouco exigente de mau aspecto chegou a ser associado à lepra, por ter pintinhas, e à “obra do diabo”, por estar cheio de terra até ser lavado. Entretanto o povo passava fome e tornou-se um meio fulcral para a sobrevivência dos mais pobres, que estavam em risco de morrer de fome. Isto graças à propaganda lançada por Antoine-Augustin Parmentier, um farmaceuta francês, que sobreviveu devido à batata enquanto foi prisioneiro de guerra na Prússia e fez a apologia da batata junto à corte e a comunidade cientista da época. O rei Louis XIV concedeu-lhe 22 hectares de terra para cultivar e Parmentier, que não era parvo nenhum, plantou batata, que guardava de dia mas deixava sem protecção de noite, nas expectativa que o povo faminto lá lhe fosse roubar as batatas para plantar e para comer. E resultou. Passou do prato do povo para o prato de reis e hoje é o que é.
(foto dos ladrões de batata: Bridgeman Images)