quinta-feira, março 13, 2025

Solo

Ainda há dias lia uma citação de um dos irmãos Marx, que dizia algo do estilo: “mantém uma mente aberta, mas não tão aberta que te caia a cérebro”. Voltei a pensar nela quando li sobre o episódio que vou passar a referir.
Já todos ouvimos falar dos amigos imaginários das crianças, que com o seu desenvolvimento normalmente desaparecem depois de uns anos. E também já ouvimos falar no facto de muitas pessoas hoje em dia preferirem ficar solteiras e viver sózinhas; um dos motivos, para além do alojamento local, pelo qual há falta de habitações. Do que não tinha ainda ouvido falar era de um casamento sem noivo – já aqui abordámos noivos IA, chinesices de cerimónias de casamento entre animais de estimação, pedidos de casamento sui generis, mas sem noivo não. Olhem, foi desta: a fotógrafa britânica Grace Gelder estava tão bem consigo própria, que decidiu pedir-se a si própria em casamento num banco de jardim em Londres em 2013. As reacções quando o anunciou aos seus amigos e família foram desde as mais idiotas tipo cliché “desde que te faça feliz” ao acharem que era narcisista. E depois de 4 breves meses de noivado consigo mesma comprometeu-se consigo mesma numa cerimónia solene numa quinta idílica em Devon em que participaram 50 amigos e familiares e que deu direito a convites, vestido branco, flores, votos, alianças. “Foi um dia obviamente centrado em mim”, diz ela numa entrevista ao jornal Guardian. M
esmo que não tenha validade legal, foi a sua maneira de celebrar 6 anos de solteira em que se descobriu a si própria. “Não a vejo [à cerimónia] como uma declaração feminista, mas criar um casamento deste tipo nos meus próprios moldes deu-me poder sobre a minha própria vida”, reflecte. Não afasta porém a possibilidade de um dia vir a casar-se com outrém...
... será que para isso precisa de se divorciar de si própria?