quarta-feira, agosto 12, 2009


Ó santa burocracia!… :-S
Na Dinamarca todo o tipo de transacção que envolva a renovação de documentos e coisa que o valha exige um mínimo exemplar de burocracia – chega-se ali à repartição do que corresponde ao registo civil, por exemplo, e numa questão de minutos muda-se de nome, ou de estado civil, ou emite-se um novo cartão etc. e tal num ápice e sem qualquer complicação. E como já cá estou há uma carrada de anos desabituei-me do nível monumental de burocracia que há em Portugal.
Entretanto daqui a nada vou ter de renovar o passaporte e para esse efeito dirigi-me há dias à Secção Consular da Embaixada de Portugal em Copenhaga, que é um capítulo em si de falta de eficácia (já vão ver...). Informaram-me que precisava de um B.I. válido. Ooops: como não uso o B.I. para nada deixei-o caducar e como aparentemente não havia outra maneira de conseguir o passaporte, lá fui eu à dita Secção munida de 2 fotos tipo passe, o B.I. antigo e 53 coroas em dinheiro (já que não aceitam cartão!...) como me tinha sido dito. O funcionário dessa repartição lá me encontrou no seu arquivozinho (que é mesmo um arquivozinho – uma caixinha com fichas daquelas antigas de biblioteca – mas qual digitalizado qual quê??... As únicas vantagens desse sistema antiquadíssimo é que nunca se vai abaixo e apoia a reciclagem, um vez que usam e voltam a usar a mesma ficha caso uma pessoa mude de endereço. Para que é que acham que foi inventada a tinta correctora? ;-D); e estava tudo a correr às mil maravilhas até o tal funcionário ver o formato das fotos:
- (ele): “Ai, este formato não pode ser, porque lhe ampliaram demais o rosto”.
- (eu): “Como? Mas qual é o problema?
- (ele): “Eu mando isto para Lisboa e eles retornam-me isto por fazer de certeza por não aceitarem as fotos que não têm o formato exacto”.
- (eu) Mas não me pode só cortar o pescoço (na foto, claro)?”
- (ele): Não pode ser, o rosto tem de ter este tamanho” (mostrando-me a foto do B.I. caducado).
E eu a pensar para os meus botões que um rosto em razoáveis dimensões num documento oficial de identificação seria uma vantagem, mas enfim; lá assinei os formulários que tinha a assinar, pus a impressão digital no cartãozinho e no impresso e – vá lá que me facilitaram as coisas autorizando que eu lhes enviasse as novas fotos por correio. E agora era só esperar os 2 meses (!) que demora a fazer um B.I. ...
... pensava eu: no dia seguinte ligou-me o funcionário da Secção consular desculpando o inconveniente de ter de me pedir a voltar a passar por lá; tinha recebido as novas fotos e estavam muito bem, mas havia um borrãozinho milimétrico inaceitável às autoridades civis portuguesas no impresso de requisição do B.I. (sem dúvida da tinta da impressão digital). E lá fui eu, tendo novamente de sair mais cedo do trabalho para conseguir lá chegar na hora restrita de abertura da Embaixada das 13 às 16.
É ou não é uma farça em 3 actos? A vida é curta demais para burocracias!...

8 Comments:

Blogger Joana said...

Bolas! Mas quando fui fazer o meu ultimo BI ninguem se opôs a nada, aliás, a caneta com que fiz a minha assinatura até estava a falhar e metade do meu nome está apagado no BI... Em vez de Joana quase se lê Ana haha Mas ninguem refilou por isso...

Beijos*

12 agosto, 2009 12:32  
Blogger Vida de Praia said...

Que sorte a tua, joana, que pelos vistos só apanhaste um funcionário dos raríssimos moderadamente burocráticos!...
:-*

12 agosto, 2009 14:21  
Blogger Marta said...

Mas ainda se fazem BI's?? Eu pensava que agora era só o Cartão do Cidadão...

12 agosto, 2009 15:09  
Blogger Vida de Praia said...

Isso era também o que eu pensava, marta; aí sim, mas nas embaixadas - pelo menos a que temos em Copenhaga - ainda é à manivela :-P

12 agosto, 2009 15:18  
Anonymous Anónimo said...

O melhor mesmo é uma pessoa comprar um BI num beco escuro...! ;-)

12 agosto, 2009 17:07  
Blogger Vida de Praia said...

Depois deste episódio deveras irritante até tenho tendência a dar-te razão, jaime ;-)

12 agosto, 2009 19:49  
Blogger papel químico said...

esse funcionário tem de justificar o posto de trabalho, não é? ele não estaria a ler kafka quando entraste?

14 agosto, 2009 11:30  
Blogger Vida de Praia said...

LOL, papel :-) Ou Kafka, ou uma tragicomédia mázinha...
... e quanto a da justificação do posto de trabalho, estavas a pensar em qualquer coisa do estilo “sou burocrata e complico a vida a muita gente, logo existo”? ;-D

14 agosto, 2009 12:58  

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