Pseudodemocracia

Não sendo mãe, é-me muito fácil criticar a maneira dos outros de educar os seus filhos. Mas tendo dito isto não deixa de me pasmar vez após vez a pedagogia moderna em que quem manda parecem ser mais as crianças do que os adultos. Tal como não acho que os adultos devam ser tiranos, também não me agrada nada a tirania infantil, ou esta tendência para a pseudodemocracia, que mais tarde ou mais cedo acaba por dar para o torto, quando a certa altura os adultos ficam frustrados com a independência, impertinência e rabugice dos miúdos que se negam a negociar. Cenas do género: “ó Beatriz (de 3 anos de idade) o que é que queres vestir hoje para ir para o infantário?” e a petiz escolhe um vestidinho de alças em pleno Inverno e os pais lhe tentam explicar que está frio demais para a fatiota, que ela teimosamente insiste em envergar, são plenas de surrealismo e acabam muitas vezes em ralhetes, birras e lágrimas.
E depois há as que me revoltam em que a decisão obviamente já foi tomada de antemão pelos adultos que em vez de se responsabilizar ainda vão inquirir a opinião da criança, levando-a a pensar que é uma situação de negociação e diálogo quando o não é. Imagino que esse tipo de táctica que cheira a duplicidade abale um pouco a confiança da criança nos adultos que a rodeiam. Mas talvez esteja enganada...