Mais perto dos trópicos
Voltou a acontecer: ontem, depois de semanas a fio de um calor húmido com temperaturas acima dos 30 e praticamente sem uma única gota de água, de um momento para o outro veio de não sei onde uma forte rajada de vento sucedida de chuva torrencial e trovoada. Dei pela brusca mudança de tempo ao levantar-se uma corrente de ar tal que a porta da varanda bateu com estrondo, antecipando-se ao despertador e acordando-me de um sono já de si mal dormido devido ao calor.
Uma tempestade semelhante apanhou-nos na rua desprevenidos exactamente uma semana antes e fez então com que nos refugiassemos numa exposição fotográfica de entrada livre sobre espécies em vias de extinção. Outras pessoas tinham procurado guarida da proverbial chuva a potes nesse mesmo recinto. Reparámos que um pequeno grupo falava português entre si - uma situação que normalmente me põe automaticamente em ponto incógnito: fico na minha, evito meter conversa ou dar a perceber que sou sua compatriota para me livrar daquelas perguntas da treta: "está cá há quanto tempo?" "e o que a levou a vir para cá?" "e gosta de cá estar?" "e já tem bébés?" e por aí em diante. Desta vez porém ia acompanhada do meu marido, que é a extroversão em pessoa e não perde uma oportunidade de praticar o seu português. "Isto é que é chover!" diz ele aos tais turistas de passagem por Copenhaga. Não tive portanto hipótese de me manter no anonimato e a conversa arrastou-se por mais de meia hora, palavra puxa palavra: "está cá há quanto tempo?" "e o que a levou a vir para cá?" "e gosta de cá estar?" "e já tem bébés?" e por aí em diante! E tudo por causa de uma chuvada torrencial. Felizmente a chuva parou tão de repente como tinha começado pondo fim a um exílio breve e involuntário. Escapei-me assim que pude.
Quem diria que a Dinamarca se viria a tornar num país tropical? Se a transformação metereologica vier para ficar, espero que comecem a dar-se cá palmeiras ao longo da costa e orquídeas e outra vegetação exótica. Mas dispenso os bichos estranhos, tudo menos inofensivos, com muitas pernas ou cobertos de escamas, se bem que exóticos também, que preferem esse tipo de clima. Também nem oito nem oitenta...e porque será que só há bichos giros em vias de extinção?
4 Comments:
gostei da vista que tens do teu gabinete. de facto esse país é muito avançado! nem uma chapa de zinco ou uma parede a pedir pintura! pelo menos conseguiste sair da exposição sem ter de fazer um donativo a favor das espécies já extintas e dos bombeiros voluntários. por cá seria o mais natural.
Excelente pergunta, Vida de Praia! Nunca me ocorreu tal coisa, mas agora que falas nisso!... Acho que é porque os bichos feios, das duas uma: ou ninguém os defende (por serem feios) e por isso extinguem-se num completo anonimato; ou são feios e espertos e sobrevivem na maior entre nós, dispensando as nossas campanhas para os salvar - caso dos pombos, das baratas e dos ratos.
Também há a hipótese de TODOS os animais estarem em extinção e TU achares todos giros (incluindo os pombos, as baratas e os ratos). :D E já agora, adorei este teu post. Ainda bem que vieste para a blogosfera para ficar!
É gira não é a vista? Isto é que é um paraíso tropical, como tirado a papel químico de um paraíso tropical : ) Zarpei realmente da exposição sem contribuir para nenhum peditório, apesar do ar de súplica das organizadoras. Os filantropos também serão já uma espécie extinta? ; )
ALÔ BLOGOSFERA! Comecemos pela questão mais central para evitar os mal entendidos: eu não gosto de bichos feios e nojentos, particularmente pombos, baratas e ratos - e já agora aranhas e bichos-de-contas - que por mim podiam extingui-se à vontade, mas que a julgar pelo seu grande número infelizmente não parecem estar em vias disso : ( E anónimos também não são, talvez por serem tão feios e repelentes, que só podem dar nas vistas...
Apartir de hoje vou-me dedicar à preservação do mico-leão, uma minuscula espécie de macaco extremamente amoroso, giro e em vias de extinção : )
Enviar um comentário
<< Home