quarta-feira, fevereiro 07, 2007

A justiça é cega – surda, muda e paralítica
Felizmente nunca tive de lidar com a justiça: nunca fui processada, nunca processei ninguém nem fui acusada de crime algum. Sei por isso muito pouco sobre o funcionamento do sistema jurídico – e quase tudo de séries de ficção televisivas e filmes sobre advogados. Mas fiquei a perceber há dias, porque se costuma retratar a justiça como uma figura de olhos vendados, cega; isto a propósito de um caso que tem dado que falar na Dinamarca.
Um joalheiro, que já por várias vezes tinha sido vítima de assaltos à mão armada, voltou a sê-lo a 16 de Janeiro: três assaltantes entraram na sua loja de pistolas (falsas) em punho. Bateram-lhe e o coitado para se defender sacou de uma arma (para a qual não tinha licença, ok, admitamos) e disparou vários tiros, atingindo dois dos assaltantes, um no braço e um no ombro.
O joalheiro vitimizado foi preso e é acusado de posse ilegal de armas e tentativa de homicídio. Mesmo que seja julgado inocente, corre o risco de ser processado e de ter de pagar uma bruta indemnização aos assaltantes por ele baleados por “sofrimento, perda de rendimentos e perda de aptidão para trabalhar”. Ora quem tem aptidão para trabalhar - e quer trabalhar - não vai assaltar uma ourivesaria! E quem é que está a sofrer mais com isto?!, pergunto eu...
Chamem-lhe “justiça” se quiserem, mas a mim parece-me absurdo, ridículo e injusto!
Às vezes quem me dera que a justiça usasse óculos, e com suficiente graduação…
(foto: Cam B. @flickr.com)

4 Comments:

Blogger papel químico said...

tudo o que é frio e cego assusta. e como é que se acerta de olhos vendados? é por essas e por outras que nunca poderia ter seguido direito!

07 fevereiro, 2007 14:15  
Blogger Vida de Praia said...

Nem imaginas o que me tem revoltado este caso!... A lei é fria e cega mesmo. Eu também jamais poderia ter enveredado por Direito.

07 fevereiro, 2007 20:38  
Blogger papel químico said...

por cá há um caso que tem feito correr muita tinta de uma menina de cinco anos, dada para adopção pela mãe ainda em bebé, cujo pai biológico nunca a reconheceu - nem perfilhou - e que um dia decidiu reclamar o poder partenal porque sim. os pais adoptivos recusaram-se entregar a menina e o pai foi preso por... sequestro, achas normal? felizmente a juíza acabou por não retirar a menina aos pais adoptivos, mas palpita-me que só o terá feito porque tinha os olhos do país inteiro em cima dela. a lei privilegia sempre o sangue e infelizmente há muitos invertebrados de sangue frio a ter filhos e a largá-los à sua sorte.

07 fevereiro, 2007 20:55  
Blogger Vida de Praia said...

Ora bem! - um caso muito bem exposto, cara colega (gostei particularmente da dos "invertebrados") e mais um excelente exemplo de que a lei é muito marreca mesmo! : S
Concordo contigo: sangue só deveria ser privilegiado se com ele trouxesse carinho, cuidado e sentido de responsabilidade demonstrados desde sempre.

08 fevereiro, 2007 06:57  

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