segunda-feira, março 24, 2008

Também nem oito nem oitenta
Há vários aspectos em que o sector público é bastante diferente do privado. E eu que o diga que sou empregada no primeiro: mas quais prendas de Natal? Ou qual salário chorudo? Ou mesmo quais prémios e tal para aliciar uma pessoa qualificada a que se candidate a um emprego? No sector público não há computadores portáteis para uso privado para ninguém, nem telemóveis com todas as despesas pagas, nem massagens na hora do expediente, nem almoçaradas todos os dias, nem passagens de avião para ir a conferências ou cursos de manutenção mais longínquos, nem fins-de-semana em resorts de luxo, nem férias exóticas com tudo pago nas Caraíbas. Mas digo-vos mais: eu nem preciso destas coisas (bem, talvez excepto das férias nas Caraíbas), porque se ali estou não é por falta de ofertas na privada; é simplesmente porque gosto de lá estar. Também porque não me sinto perseguida pelos Recursos Humanos com ofertas irrecusáveis.
Li porém há dias, que o pessoal do sector privado anda a ficar tão farto das tais ofertas sucessivas e cada vez mais luxuriosas, que de futuro a única coisa que os aliciará a candidatar-se a ou ficar num emprego será pura e simplesmente paz e sossego. Ou seja: daqui a uns anos acabam-se as prendas de Natal, os salários chorudos, os prémios, os computadores portáteis para uso privado, os telemóveis com todas as despesas pagas, as massagens na hora do expediente, as almoçaradas todos os dias, as passagens de avião para ir a conferências ou cursos de manutenção mais longínquos, os fins-de-semana em resorts de luxo e as férias exóticas com tudo pago nas Caraíbas. Por outras palavras: mais lhes vai valer vir logo para o sector público, onde sempre foram peritos em deixar os empregados em paz com essas ofertas irrecusáveis ;-)

3 Comments:

Blogger papel químico said...

amiga, essas ofertas, por muito extenuantes que sejam, são para uma IMENSA minoria. tão imensa que mal daria para encher um hotel-ilha. o resto do mundo, menos dedicado à causa pública, suspira. o outro resto tenta inspirar (o que já não é nada mau). eu suspiro : )

24 março, 2008 11:09  
Anonymous Anónimo said...

O bom do sector público é que é menos provável o estado falir do que uma corporação privada falir. Mas em compensação é mais provável o estado passar uma lei para espremer os seus funcionários do que uma corporação o fazer.

24 março, 2008 12:59  
Blogger Vida de Praia said...

Amiga papel: então para além do suspiro, um brinde à IMENSA minoria que está prestes a perder privilégios e estadias no hotel-ilha (adorei o conceito ;-D).
Tu também inspiras e muito :-)

Jaime: excelentes argumentos. Pois, o Estado provavelmente não vai falir, mas que de tempos a tempos lixa a vida dos funcionários, ai isso lixa - mais uma reforma, mais burocracia etc :-S O que nos vale são as longas pausas entre as reformas, aí é que se está bem - pelo menos eu estou: ninguém me chateia, ninguém se mete e estou ali com grande independência e a fazer o que gosto à minha maneira.
Agora... se alguém dos Recursos Humanos se lembrasse de me oferecer um cruzeiro pelo Mediterrâneo, porque eu mereço, nem pensava duas vezes ;-D

24 março, 2008 17:25  

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