Vivo num país tropical
Mesmo apesar das mudanças climatéricas que têm vindo a aumentar as temperaturas médias, nunca passaria pela cabeça de ninguém pensar na Dinamarca como sendo um país tropical. Pois não? E hoje nem é. Mas acreditam que já foi?...
Pois é: há uns tempos atrás encontraram cá fósseis de manguezal vivípara, também chamada mangue-vermelho (Rhizophora mangle da família das Rhizophoraceae), uma planta que hoje se encontra por exemplo ao longo das costas tropicais brasileiras e da África Ocidental e América do Sul.
E mais recentemente foram encontrados esqueletos fossilizados de papagaio supostamente datados de 55 milhões de anos numa pedreira em Mors, uma localidadezinha insular no norte da Dinamarca. Que não só é uma surpresa, pois a Escandinávia não é propriamente conhecida pela sua população de passarada tropical selvagem, mas também o mais antigo vestígio conhecido de vida papagaia a nível mundial e como tal vai ter direito a artigo a publicar no número mais recente da revista britânica Palaentology. Ao que tudo indica talvez os papagaios se tenham desenvolvido primeiro no hemisfério norte, tendo-se espalhado daqui até ao hemisfério sul, onde hoje são predominantes – já que os mais antigos vestígios no hemisfério sul não passam dos 15 milhões de anos.
O papagaio dinamarquês já tem nome: foi apelidado não de Louro ou Pepito, mas quase: chamaram-lhe Mopsitta Tanta – ou Danish Blue, para os amigos, inspirado no famoso sketch dos Monty Python de 1969 sobre o papagaio defunto em que o John Cleese é um cliente que tenta convencer o vendedor na loja de animais, protagonizado por Michael Palin, de que lhe vendeu um papagaio já morto e em que este último e não se deixa convencer e vem com uma desculpa esfarrapada sobre uma tal raça de papagaios norueguesa chamada ”Norwegian Blue”, que tem comportamentos sui generis.
Segundo David Waterhouse o paleontólogo irlandês que fez esta extraordinária descoberta o Mopsitta Tanta seria do tamanho de uma catatua amarela.
Que mais irão descobrir de revolucionário? Pinguins no deserto do Sahara? Ou camelos no Polo Norte?…
(fotos: scanpix, NF)