quarta-feira, janeiro 17, 2007

Intromissão fora de horas
Não sei se já repararam que há pessoas, que por natureza fariam óptimos polícias e inspectores de colégio, que fazem da sua mais nobre missão apontar o dedo, sublinhar o que acham ser erros, corrigir os demais e dar lições de moral, muitas vezes intromentendo-se em assuntos raramente da sua conta.
Ontem atravessou-se uma dessas pestes no meu caminho. Eram 16h30. Ia eu animada a ouvir música no carro e ia buscar o meu marido, ainda “inválido” e portanto dependente da minha boleia, ao emprego. O parque de estacionamento do edifício onde trabalha estava cheio de automóveis de empregados ambiciosos e dedicados, que raramente deixam o posto de trabalho antes das 17h30-18h. Por falta de lugar estacionei o carro à frente de outro para fazer o trajecto de minuto e meio e ir buscar o meu cara-metade. Nisto vejo um cinquentão de bicicleta (!), especado, a olhar para mim. “Estás a pensar deixar o carro assim?!”, perguntou-me em tom acusatório. “É só um minuto”, retorqui em minha defesa, intimidada, como é habitual, pela voz e atitude de quem se faz de autoridade. “Não podes deixar ficar o carro aí! E se outro carro quiser sair?
Barafustei por entre dentes, mas voltei a meter-me no carro. Liguei a ignição. E ele ainda especado. Fiz-lhe sinal que seguisse, porque me estava a deixar nervosa e a manobra já de si seria difícil pela falta de espaço. Fez-me sinal de que seguisse eu. E só quando viu o carro a fazer marcha é que “descolou” e se foi embora.
O que mais me chateou foi não conseguir ignorá-lo, ou descompô-lo de uma forma rápida e sofisticada logo ali...
... o costume... grrr!
A deixa ideal só me veio à cabeça (muitos, muitos) minutos mais tarde: ”E se se metesse na sua vida?” Ou: “Deve ter uma vida muito chata, desinteressante e triste, para não ter nada melhor para fazer a esta hora do que estar a chatear”. Ou mesmo: “Ouça lá: você talvez não tenha capacidade para tirar uma carta de condução, mas é permitido pelo código parar em segunda posição, desde que seja brevemente, sua besta!”
(foto: scottmon @ flickr.com)

5 Comments:

Blogger papel químico said...

ou podias nem sequer ter respondido e ido calmamente à tua vida, ignorando-o.
tb fico furiosa quando não consigo responder à letra. provavelmente teria feito o mesmo que tu, deixa. grrrr

17 janeiro, 2007 16:39  
Blogger tikka masala said...

Hehehe... caganda chato! CHIÇA! Mas devias ter deixado lá o carro e ido buscar o teu inválido. O gajo teria corado de vergonha quando visse as muletas e talvez até tivesse pedido desculpa por não se ter lembrado de que há casos em que se justifica parar em segunda fila.

17 janeiro, 2007 23:38  
Blogger Vida de Praia said...

Obrigada pelo apoio moral, meninas. Confesso que desde então que tenho andado a alimentar o desejo sadista de voltar a ver o chato, para repetir a situação, mas desta vez comigo na mó de cima : D
Da próxima vez (se a houver) ignoro-o sim (digo eu agora, toda valente...) e deixo o carro ainda pior estacionado, para ele ver. Ha!

18 janeiro, 2007 08:55  
Blogger papel químico said...

se o voltares a encontrar, esmaga-o com a tua indiferença!

18 janeiro, 2007 18:28  
Blogger Vida de Praia said...

Gostei da expressão "esmaga-o", he he he (risinho sádico e maquiavélico) he he he : )
Esmaga-lo-ei, esmaga-lo-ei, tanta vai ser a minha indiferença que sairá dali esmagadinho.

19 janeiro, 2007 08:52  

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