quinta-feira, janeiro 11, 2007

Graffiti legal
Às vezes os políticos (pelo menos os dinamarqueses) parecem ter deixado o cérebro em casa quando sairam para o trabalho. Parece por exemplo haver um consenso implicito e generalizado de que, se se quer irradicar uma prática, o melhor é legalizá-la, porque assim perde o interesse e/ou acaba-se um mercado (ilícito) muito lucrativo (note-se porém que não foi bem isso que aconteceu com a legalização do tabaco e das bebidas alcoólicas no século passado, mas enfim, quem sou eu para ensinar algo aos representantes do povo?!...).
Depois de propostas para legalizar o haxixe e criar locais onde este se pudesse fumar livremente (o que felizmente ainda não foi aceite pela maioria parlamentar), há quem proponha criar zonas onde é legal fazer graffiti, para que os “artistas” do graffiti se possam expressar livremente, da perspectiva de que tem de haver lugar para todos e para a diversidade.
Também há quem se expresse destruindo propriedade alheia de outras formas, por exemplo – e não me admirava nada que numa altura qualquer viesse algum com a proposta de criar áreas da cidade onde fosse legal pontapear tapumes, partir candeeiros à fisgada e incendiar carros. É só o que falta para “haver lugar para todos”.
(fotos: Alexa Jones @flickr.com e Skore TRC)

2 Comments:

Blogger papel químico said...

eu, por acaso, acho essa medida porreira. gosto do graffitti enquanto forma de expressão artística, embora não goste de garatujas como forma de vandalismo de edifícios e transportes públicos. mas, tanto quanto percebi, os verdadeiros graffitti artists não são vândalos. o problema é que há outras tribos urbanas a querer deixar a sua marca na paisagem de uma forma que agride os resto dos cidadãos (sendo essa mesmo a intenção).
há tempos sugeri a um amigo que é presidente de uma junta de freguesia que convidasse os graffitters da zona para intervir sobre um edifício que foi embargado há muitos anos e será demolido num futuro próximo. seria giro perceber qual o entendimento deles daquele acto efémero de manifestação artística. e seria bem mais interessante olhar para umas paredes cheias de cor e de mensagens que para paredes incompletas que espelham a miséria e o caos urbanístico que nos rodeia. claro que, na dinamarca, a coisa não é bem assim.

11 janeiro, 2007 12:12  
Blogger Vida de Praia said...

Não, na Dinamarca é raro o sítio que fica mais bonito com um mural de garatujas de graffiti; senão até seria uma medida útil, interessante e relativamente barata de embelezar a cidade. Como funciona agora, pelo menos a meu ver, uma proposta destas é uma manifestação de desistência, tipo "if you can't beat them, join them", camuflada de democracia e tolerância.
Achei gira a das "tribos urbanas" agressoras - uma descrição extremamente precisa do fenómeno.

11 janeiro, 2007 13:13  

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