sexta-feira, abril 06, 2007


Dar à cauda
Quem, como eu, não tem cão, tem uma ideia muito generalizada e talvez até superficial e errónea sobre o significado dos seus comportamentos. Sempre imaginei que gostassem de correr atrás de bolas que lhes foram atiradas pelos donos ou qualquer outra pessoa com vontade para a brincadeira, de ser coçados na barriga e atrás das orelhas e que dar à cauda fosse sinal de alegria e entusiasmo.
Mas afinal parece que não. Ou melhor: que depende e tem mais nuances: segundo um grupo de cientistas italianos da universidade de Trieste (que comunicaram os seus resultados ao resto do mundo não sei bem como, já que em Itália não se fala senão o italiano, mas isso já é outra história…) há diferença no significado do dar à cauda, dependendo de ser para a esquerda ou para a direita; depois de terem estudado o comportamento de 30 cães em condições de laboratório, sugerem que dão à cauda para a esquerda se é algo de que se querem distanciar e para a direita se é algo de que se querem aproximar. Isto supostamente devido à diferença das funções emocionais do hemisfério esquerdo e direito do cérebro do melhor amigo do homem.
Porém o professor Giorgio Vallortigara, chefe da equipa de cientistas em questão, parece ser um homem realista: para a revista Nature disse que depois da descoberta começou a reparar em todos os cães por que passa na rua, mas que acha difícil registar a direcção em que dão à cauda fora de um laboratório. Ufa, fiquei aliviada por afinal não me faltar assim tanto a perspicácia: porque a mim sempre me pareceu que os cães estão sempre a dar à cauda para ambos os lados: para a esquerda, para a direita, para a esquerda, para a direita, para a esquerda, para a direita.

5 Comments:

Blogger papel químico said...

no outro dia vi um documentário super interessante sobre a forma como os animais percepcionam a realidade. parece que os cães vêem de uma forma um pouco difusa e ouvem com uma espécie de reverberação por causa da hipersensibilidade que têm a frequências que os humanos não detectam. e são muitíssimo mais atraídos por sensações olfactivas que visuais por exemplo. tentei pôr-me na pele de um cão (ajudada pela simulação do documentário). cheguei à conclusão que às vezes me sinto assim de qualquer forma. mesmo sem o pêlo. serei um caso de internamento?

06 abril, 2007 11:51  
Blogger Dulce said...

lol, papel químico!
Quando te internarem dizes que me venham buscar também?...

06 abril, 2007 14:16  
Blogger Vida de Praia said...

Papel químico: ??!!! Não percebi nada, apesar de várias leituras: ”reverberação por causa da hipersensibilidade que têm...”?! Já isto seria caso para internamento... ; ) E se a Dulce insistir em te acompanhar, quem sou eu para o impedir... ; D
Agora a sério, é interessante pensar que nem todos os seres são, como nós, dominados pelas sensações visuais, que os seus cérebros talvez tenham uma área gigantesca olfactiva ou auditiva.
E quando estou no meu cantinho mais filosófico também acho interessante pensar que nem sequer nós apreendemos o mesmo numa situação idêntica: vemos as cores, apreciamos os paladares ou os sons de formas diferentes. O tom de azul que vejo, não é necessariamente o tom que tu vês. E quanto mais penso nisso, mais eu própria fico à beira de um internamento... ; )

06 abril, 2007 21:00  
Blogger papel químico said...

os cães, como são sensíveis a altas frequências, ao contrário dos humanos, ouvem com uma espécie de eco, uma reverberação.
dulce, tu percebeste, não percebeste? ficamos na mesma sala acolchoada, deixa lá.

06 abril, 2007 22:07  
Blogger Vida de Praia said...

Obrigada pelas legendas e tradução em simultâneo, papel químico ; ) Às vezes preciso da papinha toda feita, senão sinto-me uma lunática confusa e disléxica.
Voltando à conversa dos cães, também ouvi dizer que só vêm a preto-e-branco. Será verdade, ou é mais um daqueles mitos alimentados pela ignorância?

06 abril, 2007 23:00  

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