quinta-feira, agosto 03, 2006

+ ???
Se a falar é que a gente se entende, vou ali e já venho!
É rara a vez que veja um filme traduzido e que não me arrepie com os erros fatais de tradução que acabam por confundir até o significado das mais simples frases. Uma das minhas amigas fez traduções durante uma larga temporada e sei portanto que é uma tarefa já de si difícil que me atemoriza e que admiro pelos desafios e dilemas que constantemente se põem. É que todos os idiomas têm expressões caricatas, traiçoeiras e, convenhamos, praticamente impossiveis de traduzir. O português, claro, não é excepção. Toda a gente sabe intuitivamente o que é por exemplo um carapau de corrida, mas como traduzi-lo? Um exercício ainda mais divertido é fazer a "tradução" gráfica: um peixe com rodinhas? Ou de sapatilhas nos pés, que não tem, numa pista olímpica à espera do tiro de partida? E como traduzir inexistentes parentescos como compadre e comadre? E pêro? Não é nem maçã nem pêra, pois não? Já para não falar de um clássico, saudades, que sempre se postula não existir nem se sentir em mais lado nenhum. Numa ida ao café sei explicar o que são caracóis, mas e tremoços ou torresmos? É pá, é do arco da velha! Só me saem é duques! Traduzir é fácil, qual carapuça? Quem inventará expressões aparentemente tão absurdas? E a propósito de quê?
Da próxima vez que começar a arrepiar-me com a tradução de outrém, vou tentar lembrar-me que tenho um idioma de expressões intraduzíveis; talvez me dê mais compaixão por quem trabalha.
Bem, agora vou tentar passar pelas brasas que já não posso com uma gata pelo rabo...

2 Comments:

Blogger papel químico said...

um carapau de corrida seria um tipo cheio de hot air : )
quando se traduz, o exercício é pensar que expressão equivale, nas palavras, na intenção e no contexto global do texto/filme à expressão usada. por vezes o que as pessoas apontam como "erro" não é mais que a adaptação que o tradutor se viu forçado a fazer por não ter tempo, numa legenda que demora 3 frames, para explicar a lengalenga toda.
claro que há erros grosseiros, como aquele em que a mãe explica à filha que "it's all in the genes" e na legenda se fala em calças de ganga!

03 agosto, 2006 16:50  
Blogger Vida de Praia said...

Ora aqui está a minha amiga tradutora a explicar exactamente a complexidade da tarefa. Vêem? Adorei o exemplo final : )

03 agosto, 2006 21:32  

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