sexta-feira, outubro 27, 2006

Procura-se: Sentido de orientação
Já imaginaram como deve ser não possuir o mínimo sentido de orientação, ser completamente desprovido de um sentido geográfico? Não fazer ideia de onde se está e como se lá chegou? Eu sou assim. Se não conheço o trajecto previamente não dou com o lugar, nem que esteja pintado de vermelho e devidamente assinalado com luzes fluorescentes a piscar raivosamente. Não estou a exagerar. E instruções para virar à esquerda ou à direita, ou que é na rua paralela ou perpendicular à outra só me confundem ainda mais. Com um mapa consigo orientar-me relativamente bem, mas na viagem de regresso tenho de o virar ao contrário, o que impossibilita ler os nomes das ruas.
Por isso fiquei orgulhosa quando há dias me ligou uma amiga a caminho da minha casa onde ainda não tinha estado e me pediu que a guiasse por telemóvel, o que fiz de cabeça (“Onde estás?” – “Ok... segues essa rua e no... segundo semáforo viras à direita, não, à esquerda”. “Ok, daqui a pouco vais passar por um restaurante chinês do teu lado direito”, etc, etc) e fui bem sucedida em trazê-la até à porta, sem precalços.
Já li a explicação científica para esta deficiência ou maneira sui generis de funcionamento espacial, que aparentemente parece ser mais inerente às mulheres do que aos homens (em “Why men don’t listen and women can’t read maps” de Allan & Barbara Pease, um excelente e recreativo livro sobre as diferenças entre os sexos). Tem tudo que ver com biologia neural e hormonas, uma informação que em si é um consolo, mas que pouca utilidade tem no meu-dia-a-dia.

3 Comments:

Blogger Maria João Resende said...

Imagino que seja horrível, essa falta de sentido de orientação. Eu, felizmente, tenho algum, e noutras alturas acho que sou guiada por um instinto qualquer que me leva até sítios onde nunca estive com uma precisão e limpeza que me fazem impressão. A outros sítios, no entanto, nunca consigo chegar sem dúvidas ou hesitações, ou sem andar perdida, às voltas, durante o que me parecem sempre ser horas e horas.
Vá-se lá perceber porquê...
Mas detesto a sensação de impotência e estupidez que me acompanha quando não sei por onde estou a ir, ou por onde devo ir para chegar onde quero.
Na estrada, como na vida...

27 outubro, 2006 17:42  
Blogger papel químico said...

é curioso, eu sou como a optimist. tb me deixo guiar pela intuição e, geralmente, a coisa corre bem, vá-se lá saber porquê. raramente planeio um percurso, mesmo que vá para um local desconhecido.
mas, ao contrário da optimist, adoro andar ao acaso nas ruas (sobretudo em lisboa) a fingir que conheço atalhos e caminhos diferentes (para mim). e adoro a surpresa quando finalmente percebo "ah, então é aqui que isto vem dar!". claro que isso não dá muito jeito quando se tem pressa. esta é provavelmente mais uma das 473875642365 razões para a minha falta de pontualidade crónica.

27 outubro, 2006 21:25  
Blogger Vida de Praia said...

Obrigada pelos comentários optimist e papel químico. Uuufa!... Se bem que em teoria já o soubesse, que alívio ver comprovado aqui que não sou a única que anda por aí sem norte ; )
Se eu lá chegasse através desse tal instinto misterioso e preciso que descrevem, também o acharia arrepiante, creio, de estranho e tão pouco inerente que me é.
E se não fosse o facto de logo me imaginar à deriva, desnorteada, a andar às voltas durante o resto da vida, talvez conseguisse saborear o momento como uma aventura engraçada, como as tuas pelas ruas e ruelas de Lisboa, papel químico.

28 outubro, 2006 14:13  

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