Oito anos
Há tempos entreti-vos com a minha postura e interesses pouco tipicamente femininos em relação às compras. Voltei a ser confrontada com esse meu lado ao ler uma das minhas queridas sondagens que afirmava, que as mulheres passam em média oito anos. Todos os dias. Vinte e quatro horas por dia a fazer compras dos 18 até aos 81 anos de idade. Dito de outra maneira: todos os anos passam sete dias inteirinhos a comprar roupa, 40,5 horas anuais a comprar sapatos e dia e meio a ver montras.
Se eu for a ver, não passo nem metade do tempo acima descrito nesse tipo de actividade; não tenho paciência e ainda não convidei a minha amiga papel químico, que em tempos me desafiou e está sempre disposta a fazer-me companhia num dia de compras. Mas de qualquer das maneiras, o que me fez pensar foi o seguinte: se é um facto que raramente faço compras para mim, para manter a média deve haver portanto quem não faça outra coisa na vida e que mal tenha tempo para dormir – e para comer, o que até é uma vantagem no manter da linha para poder caber nos tamanhos da Zara...
(Hiromi Kawaguchi @flickr.com)
8 Comments:
isso é um bocadinho assustador. apesar de gostar de uma comprita, não sei se encaixo nessa média. muito menos agora que estou na província. já quando trabalhava em lisboa...
Mas estás a ver o que eu quero dizer, não é? Se já somos duas a não encaixar nesta média (e calculo que apesar de tudo não tenhas feito tantas compras assim quando estavas em Lisboa), então alguém o fará muito acima da média para fazer a média... deveras assustador!
agora que passo mais tempo em casa, de vez em quando vejo o oprah show enquanto almoço (nomeadamente a rubrica debt diet) [sim, eu sei... mas sempre é melhor que a fátima lopes ou outro do género]. é incrível o nível de endividamento de milhões de famílias americanas! há famílias que compram casas milionárias e carros de luxo e têm as despensas vazias porque comem fast food todos os dias e até compram pratos e talheres descartáveis para não ter de lavar a loiça. impressionante. e achava eu que era preguiçosa.
em lisboa era rara a hora de almoço em que não comprava qualquer coisita : )
Os americanos são sempre aquele fenómeno surrealista... estive lá há 5 anos para uma conferência e senti-me muitas vezes como se estivesse num mundo de aliens: tudo enorme, as embalagens muito coloridas, os doces muito gordurosos, a comida idem, a obrigatoriedade de dar gorjetas, imensas pessoas obesas (a tal preferência por fast food vinga-se). Durante a estadia também cheguei a visitar uns conhecidos americanos que comiam em pratos descartáveis exactamente como descreves.
Não sei se será o resultado de terem uma nação relativamente jovem sem anos e anos de história e costumes para desenvolver uma civilização e uma cultura...
... ou então são aliens mesmo ; )
ET TU, uma ex-shopaholica??? Conhece-se as pessoas há tanto tempo e afinal... ; D
Entretanto se eu trabalha-se mesmo no centro da cidade talvez o fenótipo me viesse irresistivelmente e irremediavelmente à tona...
e não é só isso (sem querer desculpabilizar-me). o facto de trabalhar num bairro cheio de boas lojas não ajuda, mas no fundo acho que comprava como um acto de libertação em relação ao ambiente em que estava. quando acontecia alguma chatice no trabalho (o que era bastante frequente, sobretudo no que toca a relações humanas), o meu refúgio eram as lojas, confesso. eu achava que não conseguia controlar os meus ímpetos consumistas, mas a verdade é que agora tenho muito menos (muuuuuuito menos) necessidade de comprar. naquela altura interessava era comprar. fosse o que fosse. para mim, para a família, para a casa, tanto fazia.
Conhecendo o tipo de situações a que estiveste sujeita naquele antro de mau ambiente, é compreensível que precisasses de muita e frequente libertação, consolo, refúgio e mimos. Afinal de contas, uma pessoa tem de sobreviver.
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