domingo, maio 13, 2007

Hobbies mórbidos
Quem goste de viajar e de acompanhar sempre o último grito em termos de destinos turísticos de alta popularidade, o que está a dar de momento é visitar túmulos de gente famosa ou lugares associados a grandes catástrofes. Como a campa da recentemente defunta Anna Nicole Smith, que em poucos meses já teve mais visitas do que muitos museus e monumentos em anos. Ou a campa da princesa Diana. Ou o “Ground Zero” (na foto) em Nova Iorque, localidade do antigo World Trade Center, hoje monumento à morte trágica de milhares de americanos no ataque terrorista de 11 de Setembro de 2001.
Dizem que é uma forma de terapia, de “exorcitar” sentimentos, mas a mim parece-me tratar-se mais de uma busca ao sensacionalismo.
Como os escoceses são peritos em fazer dinheiro, na universidade de Glasgow até já há uma cadeira na área de Turismo e Viagens que abrange “turismo de morte”, como se chama este novo tipo de turismo de interesse mórbido.
É estranho, não é?
Já para não falar no facto de que nem na morte os coitados dos célebres são deixados em paz...

6 Comments:

Blogger papel químico said...

o ano passado traduzi um documentário sobre um campo de concentração na áustria e as excursões de turistas que os visitam. não me pertubaram tanto as descrições dos horrores, mas a espessa camada de normalidade que se abateu sobre aquelas pessoas e aquela terra. arrepiou-me o som dos autocarros a chegar (!). os guias estão a enlouquecer, enquanto os habitantes abrem bares onde os ss costumavam beber cerveja (a 100 m do campo) e dizem coisas como "quando os alemães chegaram foi muito bom porque passou a haver trabalho. eles construíram estradas e fizeram muito pela terra, o pior era o cheiro" (dos fornos, entenda-se). e "eu nunca vi nada, não sei. a mim sempre me trataram bem. havia grupos de jovens, era muito divertido. toda a gente era bem educada e havia ordem."
uma turista recapitulando a visita, antes de tirar uma foto ao namorado em que lhe pediu para se pôr direito porque tinha as costas curvadas: "portanto aqui eram despidos, aqui gaseados, daqui iam para o forno..." tra la lá.

13 maio, 2007 12:29  
Blogger Vida de Praia said...

Creepy! : P
Mas uma excelente ilustração desta questão que também me faz muita impressão. E, no caso que descreves, diria até que qualquer normalização e banalização é perigosa e desrespeita vergonhosamente quem lá sofreu ou lá perdeu alguém querido.

13 maio, 2007 12:59  
Blogger papel químico said...

sim, mas há um mecanismo estranho de alheamento nas pessoas. e tenho muito medo disso. as pessoas habituam-se. é assim. e é assim que estes fenómenos de massa se geram e se instalam - com pequenos nadas, um encolher de ombros, um desviar do olhar. é mesmo muito perigosa esta coisa do "que podia eu fazer?". pergunto-me muitas vezes o que é que realmente podemos fazer, que raio de periscópio é que temos de construir para ver o que nos entra pelos olhos? (incluo-me nos que não vêem, bem entendido, ou nos que têm medo de não ver)

13 maio, 2007 13:14  
Blogger Vida de Praia said...

O fenómeno da habituação também me assusta a mim, acima de tudo por não estar imune. Em vez de periscópio, talvez precisemos todos é de óculos - e coragem, muita coragem ; )

13 maio, 2007 19:40  
Blogger Alecrim said...

SEM DÚVIDA: PRECISAMOS DE CORAGEM E LUCIDEZ.

14 maio, 2007 02:25  
Blogger Vida de Praia said...

Nem mais, alecrim: coragem e lucidez!

14 maio, 2007 06:51  

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