Escolhas e prioridades
Anteontem depois do trabalho fomos beber uns copos com uns colegas (actualmente meus, mas também antigos colegas do meu marido de alguns anos atrás). O plano inicial era ficarmos por aí, sendo dia de semana e tendo eu várias coisas para fazer em casa – por exemplo lavar a louça de vários dias (“compra uma máquina de lavar louça!”, dirão talvez; já falámos nisso várias vezes, mas eu até gosto de lavar a louça, perceba quem pode...). Mas estávamos a conversar tão bem, que as horas foram passando. A certa altura a fome começou a apertar e a escolha não foi difícil: ficarmos na cidade para jantar, mas preferivelmente num sítio mais calmo. A poucos passos de distância encontrámos um pequeno restaurante italiano muito simpático, o Da Claudio. Foi ali que passámos mais algumas horas em companhia animada a discutir de tudo um pouco, desde trabalho até à situação mundial, que qualquer um de nós ali presentes resolveríamos bem melhor se se pusesse a oportunidade, passando pela reorganização das quatro estações do ano neste país e outras soluções alternativas para o facto de o Outono estar cada vez mais próximo e daqui a nada estar pronto a passar a estafeta ao longo Inverno. A comida estava deliciosa – uma entrada de figos com paio em tosta, bife de vitela com vegetais e molho de gorgonzola e para a sobremesa Tiramitsu – e o tinto Ripasso foi bem escolhido, e acompanhado de uma breve explicação sobre a origem do vinho e do nome pelo empregado de mesa de Firenze, bem disposto, galhofeiro e cantor de baladas da pátria que várias vezes o ouvimos entoar mais ou menos discretamente à medida que nos servia.
Excusado será dizer que quando chegámos a casa já não me apetecia começar a arrumar a cozinha – adiei para ontem. Mas valeu a pena.
Não pude deixar de pensar que ser-se adulto apresenta um rol imenso de escolhas raramente pré-definidas – adultos como os meus pais teriam provavelmente escolhido as tarefas de casa, enquanto que eu, apesar de achar essencial manter a casa limpa e arrumada, com mais facilidade teria a tendência de me deixar levar pela vontade do momento e dar a volta às prioridades. Uma vez não são vezes e só se vive uma vez...
2 Comments:
Eu não diria que a tua sorte é seres adulta e da tua geração, mas sim não teres filhos. Se os tivesses, provavelmente nem terias começado pelos copos. LUCKY YOU!
Talvez tenhas razão, pelo menos facilita o não ter de ter filhos em consideração. Ou então sou mais irresponsável e imatura do que os demais adultos da minha geração e doutras... o que se voltou a comprovar no início do mês, lembras-te? : D
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