Pedagogia alimentar
A minha mãe sempre foi uma mulher de muitos princípios irredutíveis, principalmente em relação à alimentação e às refeições [esperam lá: lembrei-me que descobri há dias, que ela se uma vez por outra tem sido leitora deste blogue, por isso apenas uma medida de circunspecção: Olá mãezinha – se estás a ler este post, beijinhos : ) E não fiques muito aborrecida... He he já estou como aqueles que não se podem apanhar à frente de uma câmara em directo sem terem de compulsivamente mandar cumprimentos à mãe e a toda a gente que conhecem lá na aldeia... enfim... voltando ao tema de hoje...].
Sempre fez questão de manter secretismo absoluto em relação ao que estava a fazer para o jantar (”mãe, o que é o jantar?” “Línguas de perguntador...”). A comida que fora posta no prato era para ser consumida toda até à última migalha (ou senão vinha a do “tens mais olhos do que barriga”, isto apesar de ser consequentemente a matriarca em questão a pôr a quantidade por ela estipulada nos pratos de cada um). Certas misturas eram expressamente proibídas, por exemplo beber leite depois de comer laranjas (or era antes? De qualquer das formas já o fiz n vezes de uma maneira e de outra, porque nunca me lembro da tal regra, sem qualquer consequência...). Aliás, leite sempre foi enunciado como “alimento para bezerro e não para seres humanos” (e há dias mandou-me toda contente um mail em que isto fora cientificamente provado. Pronto, está bem!...). De Verão nada de comidas ” pesadas” (feijoadas, carnes de porco, etc.). Ninguém se levantava da mesa antes de todos terem terminado de comer. E não se podia ser esquisito e tinha portanto de se comer de tudo pelo menos uma vez por ano.
E foi assim que criei uma aversão total às favas, às iscas, à cebola crua, às lentilhas, aos diospiros, às codornizes e outras coisas mais. Não lhes toco, nem disfarçados de morangos apetitosos.
(fotos: titanium22 @flickr.com e anzyAprico @flickr.com)
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