quinta-feira, agosto 31, 2006


Obras públicas ad eternum
Não há nada mais desconcertante, irritante até, do que as obras públicas da praxe; por exemplo numa estrada ou auto-estrada em obras: quilómetros e quilómetros de faixas condicionadas ao trânsito, que lentamente se arrasta, meio metro de cada vez. Aquele pára arranca, pára arranca que não parece levar a lado nenhum, a paisagem é precisamente a mesma que há vinte minutos atrás. Será que em vez de seguir para a frente na realidade e por qualquer descuido afinal fiz marcha atrás? O constante pé no travão e o olhar alerta, não vá eu por percalço ou distracção bater no da frente que parecia avançar, mas afinal também não sai do sítio. Velocidade condicionada. E já repararam que 90% das vezes as obras estão completamente desertas? Onde estão os homens de capacete e colete fluorescente à hora em que vou para o trabalho? E à hora em que volto? Às vezes tenho a sensação de que cavaram um buraco sem fundo e se puseram na alheta, até alguém um belo dia se admirar da sua ausência sistemática. Não admira que durem tanto tempo, que não aparentem progredir, parecendo por vezes inspiradas na “História Interminável”.
Outra coisa simplesmente impressionante é a total falta de coordenação nestas coisas: é necessário pôr cabos telefónicos subterrâneos; fecha-se uma faixa, abre-se um buraco de meio quilómetro, enterram-se eventualmente os cabos, tapa-se o buraco, alcatroa-se. Três meses mais tarde alguém se lembra de que já está mais do que na hora de mudar as condutas de gaz já antigas – precisamente no mesmo sítio! – volta a abrir-se um buraco, mudam-se as condutas do gaz, um processo que pode demorar meses a fio, tapa-se o buraco, alcatroa-se novamente. E daí a quinze dias é a vez de se instalarem fibras ópticas, ou de alargar a estrada e aumentar o número de faixas exactamente no mesmo sítio e lá vem mais buraco, mais lentidão, mais letargia durante o próximo ano.
Adivinharam: daqui a pouco vou sair para o trabalho e pela milésima vez vou passar por uma obra pública que já atravanca o trânsito à meses sem apresentar qualquer sinal visível de progresso.

2 Comments:

Blogger papel químico said...

desculpa... terás voltado a viver em lisboa e eu não percebi...? pensava que santa engrácia era só padroeira de portugal.

01 setembro, 2006 01:24  
Blogger Vida de Praia said...

Hehe... percebo a confusão. Não, infelizmente a santa desgraça... perdão, engrácia, pelos vistos faz biscates, tendo também outros paradeiros que apadroa : ( Lá vai o tempo em que era exclusivo de Lisboa.

01 setembro, 2006 07:09  

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