Diplomacia e falta dela
As coisas podem dizer-se das mais variadas maneiras: diplomaticamente, com ironia, de uma forma humorística, ou impertinente, ou mesmo à bruta. Considero-me uma pessoa bastante diplomática, não me agrada ter de ferir as susceptibilidades de alguém. Posso usar o humor, mas tento fazê-lo com gentileza. E sinto-me bem com quem dá as suas opiniões desta mesma maneira. Como há dias em que ia a conduzir atrás de uma carrinha branca bem sujinha. Quem não viu já aqueles comentários despropositados escritos a dedo num carro naquele estado? "Lava-me porco!" Quem deixou o seu comentário desta vez é cá dos meus; escreveu simplesmente: "este modelo também há em branco".
Esta minha aversão à franqueza total e descarada deve ser fruto de ser filha da minha mãe. Quem a conhece, sabe que não domina propriamente a arte da diplomacia e se acha no direito de dizer o que pensa, sem filtro. No ano passado recebeu uns brincos do namorado da minha irmã e não engraçou com eles. Em vez de agradecer a atenção do rapaz, ou no máximo acrescentar que a côr normalmente não lhe fica muito bem, ou que não tem roupa a condizer, ou coisa do género, disse-lhe espontaneamente na cara: "estes brincos tão feios como a noite dos trovões".
Os gostos são diferentes. Nem sempre é fácil ser-se diplomático, fazer críticas construtivas, mas vale a pena tentar.
Da próxima vez que fizer uma crítica vou tentar lembrar-me da carrinha branco-sujo.
8 Comments:
boa lição, obrigada!
apesar de não precisares de cábulas. além de sempre teres sido uma aluna brilhante, és gentil e doce por natureza. bem me lembro da tua expressão de infinita paciência ao deixares-te "pentear" por uma colega do ciclo preparatório pouco dotada para desembaraçar situações ; )
se bem me lembro da maria-rapaz que eu era na altura, se fosse comigo a colega teria saído do ciclo com um olho à belenenses que até era o meu clube e tudo : )
agora que cresci, em todas as direcções, é mais importante pensar nos olhos da alma e protegê-los. os nossos, com que olhamos para os outros e os outros que olham para nós.
Obrigada, amiga, pelos elogios - e também por me fazeres recordar uma altura da minha vida em que realmente era dócil e nunca protestava. Com os pontapés que a vida dá creio que me tornei menos dócil, e hoje quem me chateasse daquela forma era capaz de levar mesmo um olho negro ; ) (ainda que o Belenenses nunca tenha sido o meu clube, vou mais para o verde...) Ok, já estou a exagerar: não sou de violências, por isso o mais provável é que nem um berro desse, mas ficaria a "ferver" por dentro.
É tão fácil criticar e ser-se brutal e cruel nas críticas, por isso tens toda a razão: temos que proteger os olhos e a alma, para o bem de todos.
Que bom, saber que há alguém ainda mais bruto e desagradavelmente frontal do que eu. Nem oito nem oitenta...!
Não te estava a fazer desagradavelmente frontal, Tikka. Mas não te conheço ainda muito bem. E de qualquer das formas venho habituada a extremos, logo talvez nem viesse a notar essa tua franqueza mais para os oitenta que os oito : )
O problema é que falo primeiro e penso depois, muitas vezes para me arrepender do que disse. É frequente ser inconveniente ou magoar as pessoas. Sem querer, claro. Mas como diz o meu sobrinho de 11 anos, as desculpas não se pedem, evitam-se!
Tens um sobrinho muito sábio! :)
Estou a ver que do que precisavas talvez era de um daqueles sistemas retardadores tipo os que têm nos cofres dos bancos ; ) Se encomendássemos um para cada uma éramos capazes de ter desconto : )
Se o ser humano é lógico (e creio que o é na maioria dos casos), porque será que com tanta facilidade fala antes de pensar? Não tem lógica... Será por uma troca de fios ou má ligação?
Porque lógico não é sinónimo de inteligente?
Não tenho a certeza, se lógico é sinónimo de inteligente; talvez tenhas razão: talvez não seja. Só sei que às vezes temos reacções absurdas para seres com um cérebro tão grande.
Gosto muito da tua foto nova, Tikka!
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