Musa inspiradora
Desde que comecei este blog que me veio o receio de que um dia se vir a silenciar de vez a minha musa inspiradora – exactamente como deve ter acontecido em Hollywood: já esgotadas as sequelas (Rambo I, II, III; Rocky 5+; Querida encolhi/ampliei/voltei a encolher os miúdos; Sózinho em casa/em Nova Iorque, vira o disco e toca o mesmo), de há uns anos para cá só fazem repetidos remakes de filmes já antigos: depois de todos do Agente 007 com o Sean Connery, o King Kong, A Pantera Cor de Rosa, o Homem-Aranha e muitos, muitos mais. O novo Super-Homem estreou recentemente e o Miami Vice estreia hoje. Como seria de calcular já estão a filmar a nova versão do Dallas e quem sabe se não projectam já fazer uma nova versão da Dinastia, dos Cinco ou do Verão Azul?
E porque não? Se foi um sucesso de bilheteira ou de audiências da primeira vez, deve valer a pena voltar a bater no mesmo filão, já que não se pode privar os netos das experiências cinematográficas essenciais dos avós, se bem que com efeitos especiais bem mais à maneira e os actores da predilecção da camada mais jovem. E reciclar só faz bem ao ambiente. Lindos meninos, tão aproveitados e o público a julgar que Hollywood era uma cultura de alto esbanjamento, de usar e deitar fora! Entretanto a miudagem terá dificuldade em perceber que cubículo envidraçado é aquele em que o Clark Kent entra para uma rápida muda de roupa, uma vez que são escassos os adolescentes que já viram uma cabine telefónica nos dias que correm.
O que de certo modo igualmente me preocupa é o que farão quando eventualmente chegarem ao fim do arquivo. Só espero que me poupem a novas versões de filmes de sapateado do Fred Astaire e a musicais, à excepção da Música no Coração, que já é perfeito como é e não necessita de uma segunda via.
Já ficam avisados: se me faltar a inspiração arriscam-se a ver aqui o regresso do dicionário assassino (da língua portuguesa)!
10 Comments:
Hahaha! Espero que não tenhas de chegar a esse ponto. Mas é uma dúvida que também já se me colocou, embora já tenha chegado à conclusão de que basta estarmos atentos ao mundo à nossa volta para termos uma coisinha a dizer. E o que observas nos filmes também se verifica na música. É um desconsolo passar a vida a ouvir novas versões de velhas canções.
Pois é: o que será que aconteceu às idéias verdadeiramente originais? Será que os artistas em questão não estão atentos ao mundo à sua volta? Nem tudo o que se repete é necessariamente genial... :o/ E as coisas verdadeiramente geniais são por sua vez talvez impossíveis de copiar ou melhorar - olha por exemplo o Fawlty Towers: só resulta com o John Cleese.
Estou a ouvir uma nova versão de "I Don't Wanna Talk About It" - onde está o Rod Stewart??? (que na volta se calhar nem era quem que a cantava originalmente...)
lavoisier já dizia...
a propósito, deixo-te uma sugestão de um disco só de versões absolutamente fabulosas de música punk dos anos 70-80. chama-se "bande à part" e podes ouvir em: www.nouvellesvagues.com
é a cultura collage em remix : ) mas eu sou suspeita porque sempre gostei de baralhar e dar de novo ; )
O quê?!! Música punk tirada a papel químico? Obrigada pela sugestão, mas... I don't think so - a música punk dos anos 70-80 já era pavorosa nos anos 70-80, não irei levar com ela novamente : P Admiro no entanto a vastidão da tua cultura geral, como sempre andas a par de tudo.
Faço minhas as palavras da vida de praia em relação aos admiráveis conhecimentos do mundo do papel químico, que sabe sempre o que eu nunca imaginei!...
não falem antes de ouvir. ouçam primeiro. não há nada como falar do que se conhece. se não quiserem, não ouçam. mas não falem ; )
ou então falem ; )
Prefiro falar do que não sei ; ) Mas já ouvi! Música punk tipo jazzy samba bossa nova, nada mau e de certa forma original. Ninguém diria que já foi punk, o que é uma vantagem : ) Como foste dar com isto, papel químico?
eu tb gosto de falar do que não sei ; ) aliás, faço-o frequentemente. mas às vezes é bom ouvir e ver outras coisas. e até de uma música punk se pode extrair melodia. quem diria! : )
Yeah, go figure!... Impressionante. Hei-de voltar à www.nouvellesvagues.com : )
É óptimo falar do que se não sabe porque não é preciso estar a preocupar-se com argumentos, coerência e outros detalhes aborrecidos ; )
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