Concessões insípidas
Toda a gente gosta que lhes façam as vontades, de ganhar, de ter razão, de ter a última palavra. E ninguém gosta de ter de ceder, de perder, de dar o braço a torcer, de não ter influência. Mas quem gosta de transigir? Transigências são uma necessidade apenas para evitar a apatia total e a anarquia absoluta. Se há opiniões incompatíveis, que não se conseguem conciliar, não se faz a vontade a ninguém; ninguém perde, mas também ninguém ganha. É por isso talvez que acordos implicando concessões mútuas não são bonitos nem feios, nem doces nem amargos, não sabem a nada, deixam uma sensação insípida, incolor.
A semana passada foi bastante dura. Estive envolvida numa situação difícil, quase insolúvel, um aparente impasse no emprego. Opiniões inconciliáveis, díspares, ningém cedia, ninguém convencia ninguém apesar de três dias de negociações intensas – parecia uma autêntica conferência de paz no Médio Oriente, ou uma discussão sobre quotas de pesca no parlamento europeu – duas opções impossíveis de harmonizar; tivémos de condescender e optar por uma terceira, a famosa transigência. Não foi calamitoso, nem se optou pela pior solução possível para mim, não saí de lá frustrada nem contente, nem sequer satisfeita. Só resignada, com sabor a nada.
8 Comments:
os compromissos são como os comprimidos. temos de os engolir para não ficarmos pior. que belo aforismo me saiu agora : )
Realmente um aforismo excelente. Vou tentar lembrar-me dela da próxima vez em que me vir num impasse absoluto. Obrigada amiga sábia!
...eu estava a gozar : ) não tomes comprimidos, terapia é melhor ; )
Ou até mesmo choques eléctricos ; D
olha.
Onde? ; D
Estou a olhar.
Para onde, Tikka? ; )
Enviar um comentário
<< Home