quinta-feira, novembro 09, 2006

Deves ser daltónico!
Daltonismo
(também chamado de discromatopsia ou discromopsia): perturbação da percepção visual caracterizada pela incapacidade de diferenciar todas ou algumas cores, manifestando-se muitas vezes pela dificuldade em distinguir o verde do vermelho. Esta perturbação tem normalmente origem genética, mas pode também resultar de lesão nos orgãos responsáveis pela visão, ou de lesão de origem neurológica. Uma vez que esse problema está geneticamente ligado ao cromossoma X, ocorre mais frequentemente entre os homens (no caso das mulheres, será necessário que os dois cromossomas X contenham o gene anómalo). Os portadores do gene anómalo apresentam dificuldade na percepção de determinadas cores primárias, como o verde e o vermelho, o que se repercute na percepção das restantes cores do espectro. Esta perturbação é causada por ausência ou menor número de alguns tipos de cones ou por uma perda de função parcial ou total destes, normalmente associada à diminuição de pigmento nos fotoreceptores que deixam de ser capazes de processar diferencialmente a informação luminosa de cor.
É possivel levar uma vida normal sendo-se daltónico e alguns nunca vêm sequer a descobrir que o são. Não é permitido empregar daltónicos como pilotos, capitães de navio e outras profissões no ramo dos transportes, mas para além disso podem ter todo o tipo de profissões.

(Wikipedia)

No meu consultório tenho um teste para avaliar casos de daltonismo. Nunca tive oportunidade de o usar por ser uma condição relativamente rara e por a sua investigação ser uma disciplina especial da psicologia, um tanto longe do meu dia-a-dia clínico. Considero no entanto o daltonismo um dos distúrbios neuropsicológicos mais fascinantes. É difícil de imaginar como uma coisa tão básica como as cores primárias poderão ser observadas ou interpretadas de outra forma por uma minoridade maioritariamente masculina. Seria como não poder ver certas figuras geométricas, ou confundir cubos com triângulos.
Há várias explicações científicas: por exemplo uma falta de pigmento visual, ou uma avaria no processo oponente de registar as cores (amarelo/azul e/ou verde/vermelho). O mais normal é não se conseguir distinguir entre o verde e o vermelho, mas há outras variantes da condição em que não se distinguem tons nenhuns.
Não conhecia o verdadeiro impacto ou significado do termo ‘daltónico’ até um amigo me mandar um urso de peluche azul bebé acompanhado de um bilhete que dizia: “espero que gostes do ursinho, pensei que irias adorar o cor-de-rosa”. Desde então que me comecei a aperceber de relatos de várias amigas. Uma cujo marido tinha ido buscar o carro novo ao stand e acabou por trazer um azul em vez do verde que tinham encomendado sem dar pela diferença. Outra cujo namorado tinha o apartamento pintado nas cores mais sui generis e duvidosas que pensava serem outras.
Das coisas estranhas que há, o daltonismo é talvez uma das mais estranhas.

6 Comments:

Blogger papel químico said...

que coincidência! ontem descobri que uma prima minha é daltónica. fartámo-nos de rir a falar sobre cores. não sabia que a psicologia se dedicava a este tema. julguei que fosse algo decorrente apenas de uma característica morfológia do olho ou assim. não pensei que pudesse ter que ver com o processamento da informação pelo cérebro. sou mesmo dahh...! : )
quanto às escolhas dos daltónicos... hmmmm... deverão eles escolher as cores (das paredes de sua casa, por exemplo) de acordo com a sua própria percepção das mesmas ou de acordo com a percepção dos não-daltónicos? se viverem sozinhos a resposta é fácil.
já agora, sabes alguma coisa sobre a percepção das cores por invisuais? houve um estudo qualquer sobre o assunto ao qual me interessaria muito ter acesso, mas não imagino onde nem quem o terá publicado.

09 novembro, 2006 11:08  
Blogger Vida de Praia said...

Que giro: a tua prima é uma das 0,2-0,3% das mulheres que são daltónicas - ou seja: o teu tio/pai dela também deve ser daltónico e a mãe dela é pelo menos portadora do gene... a tua prima já sabia, ou também só descobriu recentemente? E como? Já desconfiavas?
Sim, o daltonismo é um tema da neuropsicologia, exactamente pela parte do defeito no processamento a nível cerebral. Se eu não tivesse tirado uma cadeira com muita neuropsicologia na universidade, certamente também pensaria que fosse algo do campo da oftalmologia ou coisa que o valha.
Quanto às escolhas dos daltónicos, talvez dependa: se não distinguirem mesmo cores nenhumas, para quê perturbar os demais? Já imaginaste como será para um não-daltónico ter as paredes de cores muito estranhas?
Sobre a percepção de cores por invisuais, confesso que sou completamente ignorante; mas pesquisarei sobre o tal artigo. Imagino que para que seja possível verem cores, terão de ter receptores sensíveis no olho (os tais cones) capazes de processar ondas de luz de comprimentos diversos e ligações intactas entre esses receptores e o sistema nervoso...

09 novembro, 2006 12:04  
Blogger papel químico said...

não sei se isto já entra no domínio da ficção científica, mas a sensibilidade às cores por parte dos invisuais não passa pelo olho, mas pelo tacto. supostamente as cores (imagino que estejamos a falar de grandes superfícies de cor) emanam - não sei como chamar-lhe - um magnetismo? não faço ideia. mas alguém se debruçou sobre esse assunto. ouvi falar sobre isto e fiquei sempre curiosa.

09 novembro, 2006 13:57  
Blogger Vida de Praia said...

Essa de as cores de si terem uma dimensão táctil ou magnetismos diferentes tem uma certa lógica, já que cores no fundo são ondas de luz que emitem vibrações ou radiações.
Já comecei a pesquisar um bocadinho sobre a tua pergunta. Vê lá se era a isto que te referias:

http://www.pnas.org/cgi/reprint/96/24/14124.pdf

http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=24201

09 novembro, 2006 15:09  
Blogger papel químico said...

uau. é mesmo isto! e eu a achar que estava a falar de uma coisa do outro mundo. este mundo é cada vez mais fascinante!
obrigada, vida de praia : )

10 novembro, 2006 01:01  
Blogger Vida de Praia said...

De nada, amiga. Hoje em dia tudo é possível e sabe-se cada vez mais!

10 novembro, 2006 09:11  

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