Tintin no Congo
Eu sabia que mais tarde ou mais cedo, nos nos tempos politicamente correctos (pelo menos para certas coisas) que correm, alguém se lembraria de censurar o album “Tintin no Congo”. Tenho um exemplar e acho - como já aqui disse - que é a banda desenhada mais imperialista e racista que conheço.
Ora bem, segundo o jornal Guardian, a comissão para a igualdade de raças em Inglaterra decidiu que o ”Tintin no Congo” não é – ou seja, vai deixar de ser, uma vez que as crianças da minha geração cresceram com ele – para crianças. Isto por ser um album extremamente preconceituoso em que o Tintim se torna o líder da aldeia africana por ser “um bom homem branco”. E uma indígena exclama a certa altura “homem branco é muito grande, mister branco é grande homem juju”. Isto já para não falar das mais do que insinuações sobre a preguiça e ignorância do povo da tal aldeia que sempre me chocaram um bocado.
Terão entretanto pensado em censurar por exemplo 99% da música rap em que as mulheres são apelidadas de coisas muito feias por homens cretinos de postura extremamente machista e chauvinista? Descriminação por descriminação...
7 Comments:
vai sempre haver discriminação... sempre sempre sempre. E eu às vezes nem sei o que nos compete fazer... para além do óbvio.
Creio que tens razão, alecrim, independentemente de se viver em tempos politicamente correctos ao extremo. Há-de sempre haver maneira de achincalhar de quem não se gosta.
O que é o óbvio a fazer (já agora...)?
Tentar ser justa e imparcial. Tentar (apenas tentar) não ter preconceitos.
Parece-te possível?
sim, o tintin é um fachizoide do pior, mas a versão branqueada do noddy tb mete cá uns nervos!
Alecrim: se queres que te diga, por vezes tenho as minhas dúvidas; tento ser o menos preconceituosa possível e estou sempre muito consciente dos juízos que faço à toa, mas cresci com um pai bastante preconceituoso e racista, cujas opiniões sempre guerreei e às vezes, se não tenho cuidado, dou comigo a ver o mundo através dos olhos dele. Nessas alturas gosto muito pouco de mim : (
Papel químico: qual é a do Noddy?
o noddy original tb era uma personagem altamente preconceituosa - um reflexo da estrutura mental colonialista britânica - mas foi à lixívia e transformou-se num menino politicamente correcto e bonzinho, oh pá, estou tão feliz e sou tão bonzinho que até chego a ser estúpido!
confesso que desde que fui ao musical do noddy nunca mais fui a mesma pessoa : ))
Obrigada pelo esclarecimento. Eu pensava que o irritantemente bonzinho e inocente do Noddy era uma figura nova - esta minha ignorância... Esse musical deve ter sido ”fogo”, amiga; imagino... ; P
Francamente, não suporto estas transformações en nome do politicamente correcto. Acho tudo isso uma histeria, uma idiotice com certas qualidades que me parecem assemelhar-se às lavagens ao cérebro: “agora vamos ser todos bonzinhos e inocentes e felizes... agora vamos ser todos bonzinhos e inocentes e felizes... agora vamos ser todos bonzinhos e inocentes e felizes... agora vamos ser todos bonzinhos e inocentes e felizes...” Blagh! : P
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