Ai, a pedagogia moderna!…
Já repararam que muitas crianças hoje se tornam insuportáveis e que praticamente só os próprios pais é que as conseguem aturar e mal?
Cada vez que ouço um pai ou um avô a lamentar-se dos filhos ou netos, sinto-me na obrigação de os lembrar que o problema não são os filhos mas os pais que os educam (ou deviam educar)! Até hoje esta era a minha opinião mais franca de leiga, o que me dizia a razão pura e simples, já que nem tenho filhos nem grandes conhecimentos sobre psicologia infantil, uma vez que me especializei em psicologia de adultos.
Mas li há dias um artigo que afirmava exactamente este meu postulado: que muitos pais bonacheirões de hoje têm a tendência de tentar evitar a todo o custom dizer que “não” aos filhos para não os contrariar, o que por sua vez os torna mimados, inseguros, facilmente insatisfeitos e agressivos, pois obviamente são inexperientes em como lidar com frustrações, desapontamentos e aborrecimentos.
Não concordo com a falta de pedagogia de antigamente em que a palavra dos pais era lei e nada se podia discutir – afinal de contas não me tornou propriamente segura de mim – mas irrita-me igualmente aquele típico tipo de conversa a que se assiste frequentemente, em qualquer lugar público:
- “Anda cá Zézinho!”
- “Não vou.”
- “Vá lá, vem cá por favor, meu amorzinho!”
- “Não! Nem penses!…”
- ”Ah, então deixa lá, Zézinho”.
6 Comments:
Há meses presenciei uma birra de um miúdo que se atirou para o chão, após algumas reprimendas bem suaves da mãe, que lhe falava com muita ternura e nenhuma autoridade. Quando ele se deitou no chão, ela disse, já incomodada com a cena do filho: "levanta-te do chão, senão vamos embora do parque." Ao que ele berrou: "Tens que dizer se faz favor!"
Fiquei chocada, mas ao mesmo tempo ciente de que posso ser a próxima vítima da minha própria falta de disciplina educacional.
Meeeeu Deus! *AU, AU, AAAAU!* Esse foi precisamente um clássico da pedagogia moderna!...
Claro que, apesar da tua dita falta de disciplina educacional, a Mecas é tão bem educada que nunca faria uma figura dessas. Nem tu de certeza te terias ficado pelas falinhas mansas e suaves : )
Eu gosto mais de outro exemplo, que me passou pelas mãos há uns meses...
O filho vai com a mãe às compras e quer um jogo. A mãe acha que ele se protou mal e por isso não compra. O puto deita-se no chão (com 10 anos...), chora, estrebucha, enfim, faz "30 por uma linha". A mãe bate-lhe. O puto chora. Vão-se embora. A mãe volta no dia a seguir e compra-lhe o que ele queria... E isto sucede-se vezes sem conta!
O mesmo menino: no Natal, o pai decidiu que ele não merecia os 2 jogos que lhe prometeu para o computador, por causa do comportamento e das más notas e por isso só lhe compra 1 (só isto já é mau, não merecia, não tinha!). A mãe vai por trás e compra-lhe mais 2, sem que o pai saiba. Ou seja, portar bem daria 2 jogos, portar mal dá 3.
Um de muitos exemplos...
Olha que bela lição que ensinaram ao puto!... Obrigada por mais um exemplo bastante ilustrativo deste fenómeno moderno.
Quem merecia ficar de castigo eram esses pais, que educam tão mal os filhos, que mais tarde ou mais cedo vão ter de ser aturados por outrem e vão tão mal habituados ; S
- Anda cá Zézinho!
- Não vou.
- Zézinho, anda cá senão vamos para tribunal!
- Não me assustas! O meu advogado morde mais que o teu!
Mais tarde...
- Zézinho, tenho uma ordem judicial para vires cá!
- Não, o meu advogado já meteu uma providência cautelar para suspender o efeito dessa ordem!
- Ah é?! Então vemo-nos no Supremo!
: D
Adorei o diálogo! Ainda ficção na Europa, mas nos Estados Unidos de certeza que já é assim : )
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