quarta-feira, setembro 19, 2007


Cheiros
Tudo tem um cheiro. Uns são fragrâncias agradáveis, leves: morangos, rosas, água do mar, limões, canela, cabedal, verniz, roupa enxuta ao ar livre, café moído, pão acabado de fazer, sabonete; outros são repugnantes (lixo, fraldas com “recheio”, leite azedo, ambre, bolor, charutos a fumegar, maçãs podres, suor a qualquer hora do dia), e outros ainda assustadores como o cheiro a consultório de dentista. Mas o certo porém é que tudo tem um cheiro. E não há sentido como o olfacto que active o cérebro de forma tão eficaz og “incensurada” ou deixe memórias tão profundas e as volte a recuperar dos confins da mesma. Numa questão de segundos a actividade criada por uma única partícula odorífera emanada de uma qualquer matéria chega ao sistema límbico, que é o nosso centro emocional primordial, e activa-o durante vários minutos.
E como não podia deixar de ser, isto há já muitos anos que é explorado pela indústria que fornece inúmeros produtos ao consumidor: o iogurte de morango talvez não contenha muita fruta, mas o aroma é perfeito; as solas de borracha sintética cheiram a borracha natural; durante o Natal muitos centros comerciais carregam no aroma a pinheiro e especiarias, e por aí em diante.
Entretanto com os avanços tecnológicos tudo é possível, até explorar ainda mais os odores, personalizá-los, individualizá-los, criar experiências únicas e propositadas. Vários hotéis e restaurantes já têm um odor próprio e é possível levar consigo uma recordação vívida de um jantar especial, um fim-de-semana romântico fora, uma festa especial, o dia do casamento, etc: não só nas memórias e fotografias mas numa garrafinha com o perfume do sítio e dia em questão.

6 Comments:

Blogger papel químico said...

eu lembro-me perfeitamente do cheiro do meu estojo na escola primária (confesso que adoro snifar lápis de carvão desde essa altura :) e lembro-me perfeitamente do cheiro da professora (mistura de perfume com creme e pó de arroz)!

19 setembro, 2007 09:52  
Blogger Vida de Praia said...

Hmmmm... aquele cheirinho a lápis de carvão acabado de afiar e a princípio de ano lectivo, esse também eu snifava : )
É incrível e fascinante os cheiros que nos ficam gravados na memória para sempre, não é? A mim o meu gel de banho de acácia faz-me sempre lembrar as manhãs de Inverno em que bebíamos sumo de limão quente com mel - o cheiro é precisamente o mesmo; o que me leva a pensar que o mel seria possivelmente de acácia : P

19 setembro, 2007 11:17  
Blogger Marta said...

Eu noutra vida fui um cão... de certeza!!
O cheiro da primeira mochila, o da escola primária, do lápis de carvão :D, dos cadernos novinhos em folha (daqueles que dão vontade de escrever mesmo sem se saber o quê), dos lugares, das pessoas, das recordações, das vivências... de tudo! Até o cheiro de determinados locais me faz lembrar épocas... pessoas... situações...
Belo tema, belo post!

20 setembro, 2007 13:14  
Blogger Vida de Praia said...

Obrigada, marta. Uma pessoa às vezes nem pensa nestas coisas - ”ah, é só o olfacto e tal...” - mas sem ele não teríamos uma chave tão eficaz para ”destrancar” essas pequenas memórias. Já para não falar no facto de que a comida não ficaria a saber a nada sem ele : P
Fico contente por saber que não sou a única que é e sempre foi maluquinha por material escolar : )

20 setembro, 2007 14:21  
Blogger Marta said...

Eu evito ir às compras no regresso às aulas :D Mas agora a trabalhar na caixa do Modelo, há coisas que me dão inveja! :P

21 setembro, 2007 00:22  
Blogger Vida de Praia said...

: )
Mas pelo menos sempre tens a secção de papelaria ali ao pé e podes ir lá dar uma voltinha de vez em quando ; )

21 setembro, 2007 07:26  

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