segunda-feira, novembro 26, 2007

Mentalidade moderna
Viver em 2007 é por vezes bastante confuso: regras colectivas estão cada vez menos em voga e o mesmo se poderia dizer em relação aos valores que guiam a vida de cada um – o que é bom para mim não é necessariamente bom para ti e o que era importante ontem, hoje já não é tão relevante.
Mas o que mais me espanta (e por vezes exalta) é talvez aquela mentalidade importada dos Estados Unidos do “eu tenho direito” e “se não fizeres x, processo-te”. Ora, se ninguém é obrigado a começar a fumar e se toda a gente sabe e de muito cedo se soube que o tabaco faz mal à saúde – e por lei até já se tornou obrigatório escrever com letras gigantescas nos maços de tabaco, que este mata e se não mata logo, causa mil e uma maleitas, como é possível que alguém ainda tenha a lata de processar as companhias tabaqueiras? E ainda mais, como é possível o sistema judicial apoiar e dar razão a quem por opção fuma como uma chaminé?!…
Já se ouve falar disso nos Estados Unidos há alguns anos, mas li há dias, que o primeiro caso apresentado perante o Supremo Tribunal italiano deu razão à família da dita vítima, um homem que desde 1950 fumou um maço de cigarros por dia e morreu de cancro do pulmão em 1991 e que vai receber uma compensação monetária de €187.500 de uma companhia tabaqueira.
Com o devido respeito em relação à perda dessa família, sou só eu que não percebo uma mentalidade destas?

13 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Se calhar o tribunal teve em consideração que em 1950 (provavelmente) ainda não havia advertências para os malefícios do tabaco.

Tenho a ideia de ter visto em alguns filmes que as tabaqueiras sabiam dos malefícios do tabaco e optavam por negá-los. Não sei se o que os filmes retratam é verdade.

26 novembro, 2007 14:07  
Blogger Vida de Praia said...

É uma explicação plausível; mas imagino que quem já começou a fumar depois dos malefícios do tabaco se tornarem do conhecimento público também se venha a aproveitar-se da situação. Que desculpa arranjarão esses? ”Eu não sabia ler”?!...

26 novembro, 2007 15:32  
Blogger Marta said...

É possível que a explicação do Jaime seja a resposta correcta.
De qualquer forma, actualmente, com a quantidade de informação que existe, acho pouco plausível que isto se volte a repetir!!
PS - Mesmo que o tabaco só seja efectivamente vendido a maiores de 16 anos, isso não significa que essas pessoas saibam ler!! (Veja-se o exemplo dos meus alunos...)

26 novembro, 2007 16:11  
Blogger Vida de Praia said...

Como cá para mim anda tudo doido, e tudo o que vem dos E.U.A. se copia sem qualquer sentido de auto-crítica, vamos lá a ver se não se repete...
Pois, há muito bom ”moleque” que mal sabe ler... coitada de ti a dar-lhes aulas :-S

26 novembro, 2007 16:24  
Blogger papel químico said...

os fumadores passivos, sim, deviam receber indemnizações chorudas. está provado que o fumo em segunda mão é tão ou mais nocivo que o fumo inalado intencionalmente. por uma questão de educação nunca respondo negativamente a um fumador que pede autorização para fumar (a menos que esteja com uma das minhas terríveis enxaquecas e não aguente mesmo), mas são muito poucas as vezes em que perguntam.

26 novembro, 2007 16:36  
Blogger Vida de Praia said...

Ora aí está uma opinião sensata - concordo plenamente com o teu ponto de vista, ainda por cima estando ele cientificamente provado, papel químico. Que venham daí os fumadores passivos e comecem já a processar quem lhes fumou para cima indiscriminadamente!
São raros os fumadores que pedem licença para fumar, porque - a meu ver - uma qualidade central do carácter do fumador em geral é o egoísmo :-S

26 novembro, 2007 21:38  
Blogger Marta said...

Eu namoro com um fumador que por acaso tem sempre o cuidado de me pedir se pode fumar quando estou a comer, por exemplo. Conheço muitas outras pessoas que me fazem o mesmo pedido.
No entanto, há umas 2 semanas tive um "desaguisado" com dois meninos na minha pizzaria favorita. Como havia poucas mesas, separaram 2 mesas que supostamente dariam para 1 grupo de 4 pessoas para darem para 2 pares de 2 pessoas. A verdade é que já era suficientemente constrangedor ouvir as conversas alheias pelos 2 ou 3 palmos que separavam as mesas e ser ouvido nas conversas que estava a ter. O mais irritante foi constantar que os dois meninos fumavam. De tal forma compulsiva, que paravam a meio da pizza para fumar. Enquanto a minha comida não chegava, ainda vá... mas depois de a minha comida chegar, pedi delicadamente aos meninos se não se importavam de não fumar porque me estavam a incomodar na minha refeição, em que o fumo vinha para cima de mim. Resposta?? Meia dúzia de grunhidos entre dentes e foram-se embora sem acabar de comer. Menos mal!! :)

27 novembro, 2007 05:33  
Blogger Vida de Praia said...

Boa, marta! Excelente exemplo! Os não-fumadores têm mesmo é de começar a tomar atitudes e dizer “basta“.
Creio que o teu namorado e as tais pessoas que conheces que pedem delicadamente se podem fumar são as famosas excepções que fogem à regra. Mas... desculpa lá: ainda assim me espanta o facto de que, mesmo toda a gente sabendo que o fumo passivo é perigosíssimo para a saúde de quem leva com ele em cima, ainda têm a lata de fazer um pedido desses :-S Eu não ando a perguntar a ninguém se querem apanhar com um jorrozinho de DDT...

27 novembro, 2007 07:27  
Blogger papel químico said...

concordo. normalmente esses pedidos são um mero proforma e nunca esperam uma resposta negativa. as poucas vezes em que realmente pedi que não fumassem tive como reacção caras de surpresa e "ah, está bem, claro, eu mando o fumo para ali..." e toca de puxar do cigarro na mesma e virar os pescoços o mais que o exorcismo permitia para atirar o fumo para as pessoas do lado pelo canto da boca. se eu fumasse nem sequer pedia - simplesmente não fumava à mesa, ponto final. felizmente tenho bastantes amigos que o fazem sem criar situações socialmente hipócritas.

27 novembro, 2007 11:46  
Blogger Vida de Praia said...

Olha que realmente!... Então essas pessoas não sabem que o fundo se difunde? Não está lá a ver se vai para um lado ou para o outro, espalha-se! É por essas e por outras que nunca percebi o conceito de restaurantes mistos, com mesas para fumadores e mesas para não-fumadores.

27 novembro, 2007 13:58  
Anonymous Anónimo said...

«Eu não ando a perguntar a ninguém se querem apanhar com um jorrozinho de DDT...»

Mas devias. Onde é que arranjaste o DDT? Só se vende aí nessas terras mais a norte, ou há em Portugal? Dá para vir pelo correio à cobrança? Esse DDT vem acompanhado de estudos de toxicidade? :-)

Gostava de notar que nestes comentários houve duas pessoas (não vou referir a Vida de Praia e a Marta para respeitar o anonimato delas) que admitiram que o meu primeiro comentário podia, em parte e parcialmente, fazer algum sentido. :-)

Voltando ao DDT, quando é que isso custa ao litro?

27 novembro, 2007 18:12  
Blogger Graça said...

Se morrer com câncro no pulmão, quero que o SG VENTIL compense a minha familia.

Beijos do Graça

27 novembro, 2007 20:37  
Blogger Vida de Praia said...

Jaime: LOL :-D Não tenho o DDT na minha posse, mas de certeza que não é impossível deitar a mão a umas litradas a preços de desvenda através de contactos ucranianos. Não há para aí uns bons milhares deles? ;-)

«Gostava de notar que nestes comentários houve duas pessoas (não vou referir a Vida de Praia e a Marta para respeitar o anonimato delas) que admitiram que o meu primeiro comentário podia, em parte e parcialmente, fazer algum sentido. :-)»

Isto não acontece todos os dias. por isso aproveita bem os louros ;-P

Não me digas que és fumador, ó benfiquista!... Isso só faz mal à saúde, pá! E nem sequer há indemnizações asseguradas das tabaqueiras. Por isso vai lá ler outra vez o que diz no maço com letras maiúsculas e deixa-te é disso.

27 novembro, 2007 21:10  

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