Febre de aniversário
Daqui a precisamente um mês faço anos. 34. Mas quem me observa de perto nas semanas que antecipam o meu aniversário, não me daria mais de 9-10 anos. Entusiasmo-me, começo a imaginar quem se lembrará, quem me escreverá ou telefonará; que presentes me irão oferecer; que surpresas andará o meu marido a preparar às escondidas. Conto os dias, ando impaciente, deixo cair dicas por aqui e por acolá sobre o grande evento prestes a acontecer, como se fosse de grande importância para tudo e todos.
Na minha família nunca se celebraram aniversários, do que sempre senti imensa falta. Daí talvez este meu contagiante entusiasmo infantil, esta antecipação de grande carga emocional, que aliás tanto se dá em relação ao meu aniversário como ao aniversário dos que me são chegados. Quando o meu marido faz anos costumo levantar-me surrateiramente para não me ouvir e vou decorar a casa com balões, serpentinas, bandeirinhas de papel. Quando é do aniversário de familiares e amigos ando várias semanas a tentar encontrar a prenda ideal, tentando lembrar-me do que foram mencionando durante o ano.
Aniversários dão-me “febre”.