sábado, março 31, 2007

Anémonas
Hoje vamos procurar os mantos de anémonas precoces que dizem já cobrir por completo o fundo dos bosques. Vêm cedo este ano e anunciam bem alto que se instalou a Primavera.

Haverá melhor maneira de passar um Sábado de sol em Março?

sexta-feira, março 30, 2007

Numa onda de Wellness
A mulher e homem modernos redescobriram os prazeres dos tratamentos de beleza e de um estilo de vida saudável já vividos ao máximo pelos povos da antiguidade. Uma mente sã num corpo são. Numa questão de 2 ou 3 anos o número de salões em que se pratica a arte de “wellness” explodiu de tal forma, que qualquer quarteirão com respeito por si próprio tem pelo menos um.
Banhos de água quente, de vapor, ou de espuma, sauna, produtos biológicos e ecológicos de qualidade, ervas aromáticas, tratamentos de pele, exercício físico, massagens – e como nisto quanto mais extravagante melhor, agora até há um novo tipo de massagem com chocolate. Soa talvez estranho, mas o cacau tem antioxidantes que amaciam e estimulam a pele e o cérebro a libertar endorfinas, que por sua vez ajudam a melhorar o humor.
A vida é curta e o dia-a-dia cheio de stress – porque não dar-se a estes pequenos luxos uma vez por outra?
Bom fim-de-semana!

quinta-feira, março 29, 2007

Vitaminas e minerais
Há já bastante tempo que se vêem sumos enriquecidos com vitaminas e cálcio nos supermercados. Mas graças à União Europeia deixará de ser essencial manter uma alimentação equilibrada e variada. Este Verão vão nomeadamente fazer passar uma lei que permite que todo o tipo de produto alimentar seja enriquecido com vitaminas e minerais: doces com vitamina C e D; batatas fritas com cálcio e vitamina A; refrigerantes com sais minerais vitais – estão a ver o género?...
Calculo que com a maneira cada vez menos natural de produção de produtos agrícolas se percam imensas vitaminas antes de que os produtos em questão cheguem à mesa do consumidor. Mas imagino por outro lado que, com a liberalização total no campo dos aditivos vitamínicos, se torne difícil argumentar contra uma dieta diária tipo McDonald’s com um teor elevadíssimo de gordura mas “com todas as vitaminas e minerais essenciais a uma dieta saudável”…

quarta-feira, março 28, 2007


Colecção Kinder
Conhecem certamente os chocolates de leite da Kinder em forma de ovos ocos que trazem um bonequinho qualquer de plástico lá dentro. Sempre pensei nesse tipo de brinquedo como minimamente interessante: hoje a criança acha-lhe graça e amanhã já é candidato ao caixote do lixo.
Porém eu estava redondamente enganada. Descobri que as lembrancinhas da Kinder são objectos extremamente cobiçados por milhares – talvez até milhões – de coleccionadores ávidos, que até já formaram associações e vão a exposições e tudo. Muitos são idosos, avós que generosamente oferecem os ovos de chocolate aos netos na expectativa de ganharem mais uma peça para as suas colecções – a não ser que seja repetida; nesse caso o netinho poderá talvez ficar com ela (com os coleccionadores mais ávidos nem isso, já que peças repetidas, como nos cromos, servem para a troca).
Todos os anos saem 300 figuras novas em series de 8, 10 ou 12, e a ideia é coleccionar todas as peças numa série – agora façam as contas a quantos ovos é preciso para realizar essa ambição.
As figuras mais raras vão por vezes a leilão na internet e raramente custam menos de 1300 €.
Aposto que não conheciam este hobby, esta loucura por coisinhas de plástico!…

terça-feira, março 27, 2007

Insultos
É engraçado como qualquer palavra com o mínimo de poder descritivo com o tempo potencialmente se torna um insulto. Por exemplo termos como “retardado”, “imbecil” e “débil” começaram por ser termos técnicos para descrever graus de deficiência de inteligência no campo da psicologia do ensino e pedagogia. Hoje são aplicados por quem queira denegrir o próximo, sem um mínimo de rigor científico. O mesmo se pode dizer sobre termos como “psicopata” e “histérico”.
Outras vezes termos técnicos passam a ser usados na descrição de fenómenos do dia-a-dia. Quem já não se descreveu como estando “deprimida”, apesar de estar longe de se tratar de um caso de autêntica depressão clínica?
E depois há novos termos que são tão precisos e geniais, que toda a gente sabe intuitivamente o que significam. É este o caso com a nova palavra “McJob”, que designa um tipo de escravatura moderna em que se trabalha sob muito stress a um ordenado miserável. Um termo que provocou de tal forma a multinacional McDonald’s ao ponto de se verem forçados a lançar uma campanha para redefinir o “McJob” como sendo o tipo de trabalho com imensos desafios, oportunidades e recompompensas.
Será que resulta?...
Estou céptica, confesso...

segunda-feira, março 26, 2007

A vida de Knut
Já ouviram falar do Knut? O Knut é uma cria de urso polar nascida em cativeiro no Jardim Zoológico de Berlim há 3 meses (e vejam só a fotografia desse amorzinho!). A mãe rejeitou-o à nascença (aliás a este e ao seu irmão gémeo, que entretanto não sobreviveu) e um dos seus tratadores compadeceu-se dele e tem estado a criá-lo (deu-lhe biberão, dormiu ao seu lado, etc.) – o que por muitos seria considerado uma óptima acção, não é verdade?
Entretanto activistas dos direitos e protecção dos animais entraram em pé de guerra: queixam-se de que é insensato deixar o animal ter tanto contacto humano, pois de certeza que se vai identificar com os humanos e impossivelmente encontrará parceiro da sua espécie quando se tornar adulto. Sugerem por pena que se extermine o pequeno Knut, apesar de ser uma cria saudável.Esquecem-se talvez de que:
1) o urso polar é uma espécie em vias de extinção
2) já não é a primeira vez que um animal selvagem, que devido a circunstâncias é criado por humanos, desenvolve comportamento natural e apropriado à sua espécie quando se torna adulto – exige esforço, mas não é impossível
3) o Knut provavelmente nunca virá a viver no seu habitat natural, já que nasceu num Zoo.
E quem é que, com o coração no lugar certo, conseguiria liquidar um bichinho tão querido e amoroso?

domingo, março 25, 2007

Compra-se: circulo de amigos
A internet tem demonstrado possibilidades infinitas (por vezes bastante ridículas, mas infinitas!...). Recentemente criou-se um site (fakeyourspace.com) em que se podem alugar amigos apartir da módica quantia de 1 €. O que somente é importante para optimar o seu perfil noutro site (myspace.com), em que um dos parâmetros para se ter sucesso é ter muitos amigos, especialmente amigos atraentes, quer fisicamente, quer em termos de estilos de vida interessantes e comentários divertidos e contundentes no blog do próprio. Claro que os perfis dos teus “amigos” atraentes também são pura ficção: não se trata de pessoas reais mas de perfis que combinam fotos de modelos com características inventadas pelo fundador da Fakeyourspace.com. E os comentários no blog têm o mesmo autor, ou, pior ainda, são escritos pelo próprio.
Hmm… cheira-me a desespero e imbecilidade…

sábado, março 24, 2007

Ai o século 21!…
O homem da Michelin, para além da óbvia função de tentar vender pneus, desde há muito que se tornou o símbolo do ditado “gordura não é propriamente formusura”. Tenho amigas que quando não se sentem magras e esbeltas se comparam ao homem da Michelin.
Mas até o homem da Michelin se vai actualizando – imaginem só que, para reflectir a era em que vivemos, com cada vez mais foco no ideal da magreza, lhe retiraram um dos pneus, para lhe dar uma aparência mais magra.
Qual será o futuro do Pai Natal, coitado? Ou da Moby Dick?
É estranho viver num tempo em que se faz a apologia à tolerância em relação a umas coisas (algumas delas até bastante bizarras), mas se é tão intolerante em relação a outras...

sexta-feira, março 23, 2007

Escalada
Depois de subirmos os 463 degraus através de passagens estreitíssimas até ao topo da cúpula da catedral de Florença, Il Duomo del Santa Maria di Fiori, de 1436, e de por várias vezes perdermos o fôlego e sentirmos o coração a galopar, aguardava-nos a recompensa: uma visão detalhada dos frescos de Brunelleschi e um panorama incrível da cidade.

quinta-feira, março 22, 2007

Ícones do imaginário pessoal
Alguma vez tiveram a sensação de familiaridade imediata com uma localidade ou pessoa, como se já lá tivessem estado ou fosse naturalíssimo lá estar, ou como se já se conhecessem, apesar de não ser esse o caso? Há quem fale de dejà vu, outros afirmam ter vivido outras vidas em gerações anteriores (no qual eu não acredito).
De qualquer das maneiras foi essa a sensação que tive quando estivémos de passeio em Pisa durante as férias – quando vi a sua inclinadíssima torre, senti-me em casa. Não por jamais ter vivido numa torre assim. E foi a minha primeira visita a Pisa. Mas creio que a sua famosa torre já era um ícone no meu imaginário à força de ter sido exposta à sua imagem através da televisão desde miúda (aliás também foi assim que me senti quando finalmente vi The Houses of Parliament numa viagem a Londres; e o Cristiano Ronaldo em Copenhaga no ano passado). É estranho: como se duas peças de um puzzle se juntassem e completassem perfeitamente: uma na minha mente, intemporal, e uma no mundo real em tempo real.
A Torre de Pisa é fantástica!
(foto: anroir @ flickr.com)

quarta-feira, março 21, 2007

HOJE COMEÇA A PRIMAVERA - IUPIIIIIIIIIII! : )
Apetece-me dançar uma dança do sol
Pôr flores no cabelo
E correr descalça pela praia.
(foto: Bosworth.dk @ flickr.com)

terça-feira, março 20, 2007

Condução à italiana
Se há lugar em que toda a cautela é pouca, é nas estradas italianas. Há um código da estrada, sinais e prioridades, mas easy going como é este povo, parece encará-los mais como propostas do que propriamente ditados. Perdi a conta a quantas vezes nos tivémos de desviar ou fazer uma travagem brusca para evitar que um carro ou motorizada vindos de não sei onde nos caíssem em cima.
Costuma-se dizer que as pessoas que correm grandes riscos têm desdém da morte; mas pessoalmente prefiro a expressão tipo “slip of the tongue” freudiano com que o meu marido comentou uma das muitas manobras perigosas que testemunhámos: “mas esta gente deve ter desdém da vida, pá!…”
(foto: seattletim @flickr.com)

segunda-feira, março 19, 2007

Primeiro dia de trabalho
Apesar de terminar hoje duas semanas insdispensáveis e incríveis de férias toscanas, como os demais, acordei com um sorriso nos lábios – se bem que modesto, confesso – por retomar o trabalho hoje.
O quê?!...
Eu passo a explicar: olhem que a Dinamarca, onde a população costuma de ser mediana em tudo, desde a escolha do carro ao tipo de vestuário e estilo de vida em geral, de repente demonstra mais satisfação do que o resto da Europa, quer em relação à qualidade de vida em geral, quer pelas condições laborais – isto apesar do stress estar em constante crescimento. Um estudo recente levado a cabo em 31 países europeus concluiu que 93,4% dos dinamarqueses estão “satisfeitos” ou “muito satisfeitos” com o seu trabalho, possivelmente devido a factores como as vastas possibilidades de fazer carreira, salários altos e flexibilidade e influência em relação ao planeamento das tarefas.
Será mesmo verdade? E, digamos que o é, como explicar esta super satisfação? As condições serão tão favoráveis como dizem? Ou os dinamarqueses se contentam com pouco? As explicações menos sérias implicam que os loiros se divertem mais; ou que ainda se vive sob os louros da vitória no Europeu em 1992 : )

domingo, março 18, 2007

De volta!
A Toscana é um sonho: verde, temperada, nesta altura do ano com flores silvestres, zona de boa comida e bons vinhos, e de gente simpática e prestável. Apanhámos um tempo estupendo (até deu início a um bronzezito e tudo...) e descansámos bastante.
Em poucos dias descobri vários factos que desconhecia sobre os italianos, mas vi também confirmadas algumas das minhas suspeitas:
~ são pessoas extremamente bem educadas - “buongiorno”, “grazie” e “prego” usam-se generosamente, e a clientela é apelidada de “gentille
~ acreditam que não encontrámos quase ninguém que falasse inglês?! (aquela frase no guia: “parla inglese/francese/tedesco?” deve portanto ser uma pergunta retórica, à qual a resposta quase sempre é um incondicional e claro “no, scusi”!...); e mesmo topando logo que éramos estrangeiros, a vontade de ajudar era tanta, que nos falavam pelos cotovelos na sua língua materna, se bem que lentamente: “adesso, va sempre dirito fino al incrocio e gira a sinistra” bla bla bla
~ adoram andar de bicicleta – todos os dias nos deu a sensação de que estávamos no cortejo do Giro d’Italia
~ conduzem como doidos, especialmente os condutores de motas, que há aos milhares; nem o trânsito mais cerrado os impede de se enfiarem sem quaisquer escrúpulos. Só se sobrevive sem mossas no automóvel mantendo os olhos bem abertos e o pé constantemente na proximidade do travão
~ vimos raríssimos McDonald’s – fastfood parece ainda ser a tradicional pizza – talvez uma maneira de preservar a cultura gastronómica local?
~ uma pessoa sente-se sempre segura com tantos carabinieri (polícia) nas ruas
~ eu imaginava que teria facilidade em comunicar com os locais, mas, incrivelmente, poucos percebem o português. E como com o inglês, como dito, também não se vai lá, tive de aprender algumas frases e expressões muito básicas em italiano – e que pacientes que foram para comigo os toscanos, a tentar perceber o que dizia apesar da falta de gramática e vocabulário
~ nas livrarias SÓ há livros em italiano
~ nunca vi tanta afluência de farmácias como em Florença, praticamente uma em cada esquina – serão os toscanos particularmente hipocondríacos?
~ nem nunca me habituarei a ver o pessoal de Hollywood a falar italiano fluentemente. Ma chè?
(foto da Piazza della Signoria, Florença: Volavale @ flickr.com)

sábado, março 03, 2007

Etruria
Evita médicos enfermos, cães que não ladrem, homens que não falem, gente que vá à missa duas vezes por dia... e brigas com pessoas maiores do que tu”.
(provérbio toscano, ilustrativo do seu cuidado)

Ainda não conheci nenhum, mas já me deleita a maneira de ser do povo toscano, tão orgulhoso da sua rica herança etrusca e da sua autonomia e patriotismo local (campanalismo) face aos ditados de Roma e de Bruxelas.
Esta sacola vai passar uma breve temporada sob i celli di Toscana. Mi dispiace.
Vemo-nos outra vez daqui a mais ou menos duas semanas.
Ciao. A più tardi. Sta bene, amici.

(foto: escultura de “Davide“ de Michelangelo, em Florença)

sexta-feira, março 02, 2007


Como fazer as malas?
É a primeira vez que viajamos no início da Primavera, por isso estou em dúvida sobre o que levar para Florença: blusas frescas ou camisolões de malha? Botas ou sapatos? Talvez seja aconselhável levar sapatilhas para as caminhadas mais longas. Não valerá certamente a pena trazer sandálias... Será necessário chapéu de chuva? E óculos escuros? Meias finas ou meias grossas?
O hotel tem piscina, mas não deve ainda ser relevante levar fato de banho.
Para prevenir talvez devesse levar rebuçados para a garganta e lenços de papel.
Já pus na mala o passaporte, os bilhetes e os guias turísticos. Os mapas. O cartão de crédito. A tabela de conversão para €. A máquina fotográfica. O livro que estou a ler de momento (Sophie Kinsella: “Shopaholic & Baby”). Os produtos de beleza favoritos. E muita, muita expectativa!

quinta-feira, março 01, 2007

Bom apetite em Toscana
Uma das coisas que mais anseio durante as férias é provar a simples mas, segundo imagino, deliciosa cozinha toscana. Já me inteirei das regras básicas para não darmos muito nas vistas como turistas, digamos que para nos misturarmos com os locais: o galão/cappuccino/caffè latte faz parte da prima colazione (pequeno-almoço) – durante o resto do dia só se bebe espresso - a não ser que se seja turista!... A salada não se come com a refeição principal mas ou antes como entrada, ou entre o prato principal e a sobremesa, já que serve a função de limpar as papilas gustativas. Começa-se com antipasti (petiscos), por exemplo azeitonas, crostini (pão com paté), bruschetta (torradas com alho e azeite) ou presunto, seguido do primi (entrada), normalmente uma sopa, pasta ou arroz e o secondi (prato principal) de carne ou peixe com legumes. Depois a tal insalata, seguindo-se frutta e/ou formaggio (queijos) e/ou dolci (sobremesa) e um espresso. E eventualmente um digestivo (por exemplo Cinzano, limoncello, Amaretto etc.) para dar o nó e completar a refeição.
E vejam só estes pitéus toscanos que nos aguardam:
Baccalá alla livornese (bacalhau com molho de tomate, azeitonas e pimenta)
Stracotto (vitela cozinhada em vinho tinto)
Panzanella (salada de tomate, manjerona, salsa, alho e pão com azeite)
Cinghiale di Maremma (javali)
Minestrone alla Fiorentina (sopa de legumes servida com pão de mistura)
Parpadelle alla lepre (pasta fresca com molho de lebre)
Bistecca alla Fiorentina (bife grelhado)
E para a sobremesa que tal um Castagnaccio (bolo com farinha de castanhas, pinhões e passas)? Ou Panforte di Siena (bolo de mel, amêndoas, frutas cristalizadas e cravinho) ou Ricciarelli (bolinhos de amêndoa, casca de laranja e mel)?
Buon appetito!
(foto: perreault @ flickr.com)