É no cérebro Hoje em dia qualquer psiquiatra ou aspirante a perito em psiquiatria ou neurologia tem tendência a ir buscar credibilidade através de métodos simples; o mais usado é talvez afirmar que qualquer coisa – a depressão, a esquizofrenia, a criatividade artística, a impulsividade, you name it – se encontra no cérebro. E melhor ainda se ilustrarem uma afirmação destas com vários slides mostrando imagens de scans ao cérebro e usarem o prefixo “neuro-” (por exemplo “neurocognitivo”, “neuropsiquiátrico”, “neurociência, etc.”. Soa fino e científico, porém é uma informação redundante e que não diz nada, uma vez que TUDO, toda a reacção humana de uma forma ou de outra passa pelo cérebro. Teria precisamente o mesmo valor que dizer que as células desempenham um papel essencial em relação à musicalidade. Estão a ver onde é que eu quero chegar?... Estou a falar de trivialidades, coisas banais que apesar da aparência para pouco servem para além de profilar certas pessoas.
Ora bem, foi portanto com um certo cepticismo que li há dias, que um grupo de cientistas americanos chegou recentemente à conclusão de que a política está (adivinharam!) no cérebro. E que é apenas uma mera questão de anos até conseguirmos determinar, se uma pessoa vota mais para a esquerda ou para a direita através de um simples scan cerebral. A pesquisa em questão já foi publicada na revista de renome NewScientist e não vos vou maçar com os detalhes (que são deveras maçadores!). Basta dizer que deram uma simples tarefa aos participantes no estudo e os que votavam mais para a direita tinham tendência a ser mais conservadores na sua maneira de resolver a tarefa, o que podia ser seguido nos monitores de actividade cerebral. Mais nada, é só.
Tudo bem. Mas eu só pergunto: será que algum dia se encontrará algo pertencente e relevante ao ser humano que não “esteja” no cérebro?